O aumento da volatilidade do câmbio e o BC

Por Josué Leonel com a colaboração de Marisa Castellani e Paula Sambo.

A volatilidade do real aumenta em setembro, com incertezas sobre as políticas dos bancos centrais somando-se, nesta terça-feira, a receios com a queda do petróleo e fortalecimento da candidatura de Donald Trump nos EUA. As ameaças de Eduardo Cunha após ser cassado pela Câmara também ajudam a valorizar o dólar e alguns analistas consideram que, se a pressão se ampliar, o BC poderá reduzir as intervenções com leilões de swap reverso.

Para o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, o objetivo do BC não deve ser segurar o preço do dólar. “A função do BC é dar liquidez e não deixar que o dólar tenha volatilidade alta com volume baixo”, disse o diretor. Para ele, caso haja uma demanda bem mais forte que a oferta pelo dólar, não se faria necessário o swap reverso nos níveis atuais. “O BC poderia, sim, desacelerar ou até parar os leilões.”

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“Se piorarmos mais que os nossos pares, o BC pode sim reduzir o volume de swaps”, diz Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Modal Asset. Ou seja, para o BC, a alta do dólar, ou a queda quando o real se fortalece, não preocuparia desde que estivesse ocorrendo em linha com as moedas de outros países emergentes.

Hoje, a alta do dólar no Brasil está “em linha” com o exterior, mas ainda assim o real tem a segunda maior baixa no dia entre as principais divisas globais, apenas inferior ao peso mexicano. No caso da moeda do México, segundo Portella, pesa adicionalmente o temor sobre a saúde de Hillary Clinton nos EUA, o que poderia enfraquecer sua candidatura contra Trump.

Desde que Ilan Goldfajn assumiu a presidência do BC, o volume dos leilões de swaps reversos já mudou duas vezes. Na primeira ocasião, em 11 de agosto, quando o dólar se aproximava de R$ 3,10, o BC elevou o volume dos leilões diários de 10.000 para 15.000 contratos de swaps reversos, o que ajudou a conter a queda do dólar, que vinha se acelerando com o impeachment de Dilma Rousseff. Pouco mais de uma semana depois, quando o dólar ganhava força e superou R$ 3,20, o BC retomou o volume de 10.000 contratos.

De maneira geral, analistas consideram que o BC poderá voltar a reduzir o volume de swaps, mas apenas se a tensão no mercado se ampliar. O BC pode mexer nos volumes “se o real descolar muito dos outros emergentes e se a volatilidade ficar excessiva”, diz Ivo Chermont, economista-chefe da gestora de recursos Quantitas.

A postura do BC vai depender da dimensão do desempenho do real, concorda Georgette Boele, estrategista do ABN Amro. Se o real se enfraquecer pouco, o BC continuará com os leilões. Caso contrário, sua posição sobre o câmbio será de maior cautela, diz a estrategista.

A assessoria do BC diz que a instituição não faz comentários sobre swaps nem análises de mercado.

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