Por Alessandro Speciale.
É ponto pacífico que o euro não pode refletir a taxa de câmbio correta para todos os seus 19 integrantes o tempo todo. Porém, o comandante do Banco Central Europeu, Mario Draghi, pode estar tornando a taxa mais adequada a mais países por períodos maiores.
Angel Talavera, economista da Oxford Economics em Londres, calculou para a Bloomberg Benchmark a taxa de câmbio de “equilíbrio” entre 2011 e 2015 para oito países que usam o euro – ou seja, a taxa de câmbio mais adequada aos perfis doméstico e externo da economia.
A força econômica e o balanço de pagamentos positivo da Alemanha levariam o euro a ser negociado ao redor de US$1,40. Já os problemas da Grécia exigiriam uma taxa de câmbio inferior à paridade com o dólar. No início do mandato de Draghi, o euro estava valorizado demais para a maioria e tipicamente se alinha às economias “centrais”, incluindo a Alemanha.
Essa situação não tem ajudado.
“O que normalmente ocorre com um país com moeda própria é que a moeda se aprecia ou deprecia ao longo do tempo para corrigir esses desequilíbrios”, explicou Talavera. “No caso da zona do euro, obviamente as duas coisas não podem acontecer, então esses desequilíbrios não se corrigem, na verdade eles se amplificam na maior parte do tempo.”
Os cálculos dele comprovam isso. No auge da crise da dívida soberana da Grécia em 2011, a diferença entre as taxas de câmbio ideais de Alemanha e Grécia era US$ 0,32. No fim do ano passado, a diferença havia se ampliado para US$ 0,42.
Mas as coisas andam mudando. As últimas medidas do BCE enfraqueceram a taxa de câmbio, tornando-a mais adequada a países como Itália e Espanha. Desde o anúncio dos juros negativos em junho de 2014, o euro perdeu quase 20 por cento em relação ao dólar. Ainda é um nível forte demais para a Grécia, porém mais próximo da média.
A diferença média entre as taxas ideais para cada país e o nível de fato do euro diminuiu de US$ 0,25 no começo de 2011 para US$ 0,14 no final de 2015.
No entanto, dada a estrutura do euro, talvez o alcance das atuais políticas seja limitado. De acordo com o estudo da Oxford Economics, a política monetária do BCE sempre foi prejudicada por um paradoxo: embora seja “geralmente acertada para a área da moeda comum como um todo, se provou errada para a maioria dos membros individuais na maioria do tempo.”
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