Por Thomas Black.
As ferrovias existem há mais de dois séculos. Para o observador casual, poderia parecer que, a esta altura, não há muito mistério para administrar trens com eficiência.
No entanto, aos 72 anos, Hunter Harrison está provando mais uma vez que é o melhor dos EUA no assunto. Três meses após o início de sua administração na CSX, os trens estão 10 por cento mais velozes e a porcentagem de chegadas pontuais aumentou para 79 por cento, contra 58 por cento antes de ele subir a bordo. Os investidores notaram a diferença: as ações da empresa acumulam alta de 42 por cento desde janeiro, quando Harrison deixou o cargo mais importante da Canadian Pacific Railway e disse que queria comandar a CSX em meio a uma reformulação de sua direção.
“O objetivo é movimentar os vagões mais rapidamente”, disse a diretora de operações da CSX, Cindy Sanborn, uma veterana com 30 anos de ferrovia, que se maravilha com o ritmo “incrível” das mudanças desde que Harrison assumiu o comando. “Você olha para nossos indicadores de serviços e desempenho e consegue notar.”
Franco, sociável, impetuoso e com um arrastado sotaque do sul dos EUA, Harrison conquistou uma legião de seguidores no setor ao longo dos anos. Quando foi CEO da Canadian National Railway, há uma década, ele escreveu um livro sobre gestão ferroviária rentável. Esse livro, que recentemente estava à venda por US$ 600 na Amazon, continua sendo uma leitura obrigatória para quem entra no negócio hoje.
Harrison se tornou oficialmente CEO da CSX em março após quatro anos na Canadian Pacific. Depois que ele foi atraído para lá pelo investidor-ativista Bill Ackman, os lucros da Canadian Pacific melhoraram sensivelmente e as ações subiram 161 por cento com Harrison no comando. A CSX, estimulada por seus acionistas, o contratou dois meses após sua saída da Canadian Pacific e aprovou o salário anual de US$ 84 milhões que ele pediu.
Um professor nato, além de homem de negócios, Harrison vem treinando a liderança da CSX nos últimos tempos com um curso intensivo em Ferrovia com Precisão Programada, seu sistema para fazer com que os trens operem de forma mais eficiente que o ajudou a colocar as três ferrovias que administrou ao longo de sua carreira entre as mais lucrativas do setor.
A inovação de Harrison na CSX foi organizar vagões de carga com destinos comuns em blocos de pelo menos 20 no início do processo. Ao fazê-lo, Sanborn descobriu que cerca de 800 dos 1.000 vagões que chegavam diariamente aos principais polos distribuidores poderiam evitar completamente o pátio da empresa. Os 200 vagões restantes — em grande parte alinhados em blocos — podem ser colocados em nove pistas para partir sem precisar entrar no pátio de manobras.
Essa abordagem, contudo, pode prejudicar os clientes. É por isso que alguns podem acabar optando pela rival Norfolk Southern, segundo Rick Paterson, analista da Loop Capital Markets. Depois que Harrison assumiu o controle na Canadian Pacific, em 2012, a ferrovia perdeu participação de mercado para a Canadian National. A Canadian Pacific perdeu 5,7 pontos percentuais de participação intermodal, referente à carga transportada em contêineres, e 3,7 pontos percentuais para automóveis, disse Paterson.
Mas não há ninguém melhor para estimular executivos e clientes a se adaptar a essas mudanças que Harrison. “Ele sabe o que há do outro lado da montanha”, disse Sanborn.
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