O pior ainda está por chegar para as moedas presas à queda das commodities, segundo analistas

Por Lananh Nguyen.

Para os traders cambiais, as moedas dos exportadores de commodities estão todas no mesmo barco – e ele está afundando.

As taxas de câmbio da Austrália, do Canadá e do Brasil, que sofrem há muito tempo, têm se tornado cada vez mais correlacionadas entre si nos últimos trinta dias, e vários bancos, entre eles o BNP Paribas SA, que menciona um indicador de impulso, e o Barclays Plc, que observa ventos econômicos contrários, dizem que há mais perdas pela frente.

“É uma situação baixista de uma maneira geral – temos uma postura negativa para todas as moedas de commodities –”, disse Atul Lele, diretor de investimentos da Deltec International Group, com sede em Nassau, Bahamas, descrevendo os declínios como um movimento único em uma geração. “A corrida para venda se tornará mais persistente” quando o Federal Reserve (Fed) dos EUA subir as taxas de juros, disse Lele, que administra US$ 2 bilhões.

Os exportadores de matérias-primas sofreram as maiores perdas nos mercados cambiais durante o terceiro trimestre em meio a excessos de oferta e à preocupação com que o crescimento mundial em desaceleração atrapalhe a demanda.

O Bloomberg Commodity Index, que acompanha várias matérias-primas, entre elas o petróleo bruto e o cobre, recuou 14 por cento nos últimos noventa dias, sua maior queda desde 2008. Os mercados de commodities deveriam esperar outro choque porque o Fed está se preparando para aumentar as taxas de juros, disse o Morgan Stanley em um relatório.

Nove

Nove moedas de países exportadores de commodities estão mostrando uma correlação muito importante entre si, segundo dados compilados pela Bloomberg. Por exemplo, algumas das maiores ligações se dão entre exportadores de petróleo como a Noruega, o Canadá e o México, bem como entre as vizinhas regionais Austrália e Nova Zelândia. Isto significa que elas tendem a avançar na mesma direção, e agora mesmo, essa direção é para baixo.

Só nas últimas duas semanas, o real brasileiro e o rand sul-africano afundaram para níveis mínimos recorde, e a coroa norueguesa e o dólar canadense caíram para patamares não vistos durante mais de uma década. O recuo no terceiro trimestre foi o pior em quase quatro anos para uma cesta de oito moedas acompanhadas pelo Commodity Currency Strategy Fund da WisdomTree Investments Inc.

A perspectiva para os produtores de matérias-primas se deteriorou ainda mais depois da desvalorização inesperada do yuan feita pela China em agosto, e a decisão do Fed de manter as taxas de juros quase zeradas em 17 de setembro provocou preocupações com a desaceleração do crescimento mundial e alimentou a demanda por ativos de refúgio.

Recuperações

Registraram-se breves recuperações. O real brasileiro caiu para o valor mínimo recorde de 4,2478 por dólar americano em 24 de setembro antes de se recuperar mais de 5 por cento no mesmo dia.

Fora ralis efêmeros, os analistas do BNP Paribas dizem que a tendência negativa se mantém intacta. A coroa norueguesa tem o maior impulso descendente, seguida pelo dólar canadense, segundo a análise do banco.

Os derivativos indicam que as taxas de juros da Noruega poderiam baixar mesmo depois que o banco central as reduziu inesperadamente em 24 de setembro. No Canadá, as chances de paralisia política depois da eleição nacional do mês que vem estão aumentando a pressão gerada pela queda de 15 por cento neste ano no preço do petróleo, a maior exportação do país.

“O impulso baixista ainda é forte”, escreveu em um relatório James Hellawell, estrategista quantitativo do BNP Paribas em Londres.

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