Por Stephanie Baker.
Depois que os homens da política conduziram o Reino Unido ao Brexit, as mulheres estão entrando em cena para arrumar a confusão.
Suas soluções são diferentes; suas ambições não. Theresa May está se preparando para se tornar a segunda primeira-ministra da história do país e prometeu tirar o Reino Unido da União Europeia. Na Escócia, onde os três maiores partidos são liderados por mulheres, a primeira-ministra Nicola Sturgeon será um dos personagens mais importantes em qualquer acordo relativo ao Brexit porque ela ameaça realizar um referendo sobre a independência. E um dos líderes da assembleia da Irlanda do Norte é uma mulher.
Não é por acaso, afirmam as mulheres que fizeram uma campanha bem-sucedida para aumentar a participação feminina no Parlamento — de apenas 9 por cento em 1992 para o recorde de 29,4 por cento na eleição do ano passado. May vai negociar como o Reino Unido sairá da UE com a chanceler alemã Angela Merkel, entre outros líderes europeus, e depois de novembro poderia manter a aliança do Atlântico com Hillary Clinton, se ela chegar à presidência.
“Estamos colhendo os frutos de anos de trabalho pesado e temos muita sorte de contar com as mulheres certas no lugar certo na hora certa”, disse Anne Jenkin, membro da Câmara dos Lordes que, junto com May, fundou o Women2Win, um grupo do Partido Conservador que fez campanha para que mais mulheres sejam eleitas para o Parlamento. Quanto à saída dos homens que comandaram o Brexit, que colocou May na primeira posição: “Não foi planejado — foi simplesmente a testosterona que fez com que eles explodissem”.
O primeiro-ministro David Cameron deixará o número 10 da Downing Street nesta quarta-feira, quase três semanas depois de ter perdido o referendo que ele mesmo convocou sobre a participação na UE. As pretensões de Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, de se tornar primeiro-ministro foram bombardeadas por Michael Gove, rival defensor da saída, que anunciou sua própria candidatura para dirigir o Partido Conservador, que governa o país. Ele perdeu em uma votação entre parlamentares do partido.
Apesar da vitória de May e da campanha para que mais mulheres sejam eleitas na política, quase 26 anos após Margaret Thatcher ter renunciado ao cargo de primeira-ministra as mulheres totalizam apenas 21 por cento dos parlamentares do Partido Conservador. No Partido Trabalhista, de oposição, o total é de 43 por cento, em parte porque esse partido só apresentou candidatas em algumas regiões eleitorais.
“Os eleitores estão desanimados com certa panelinha masculina tradicional na política e querem líderes de verdade”, disse Rosie Campbell, professora de política da Birkbeck University of London. “Houve uma briga entre os meninos que deixou a porta aberta para que May, de fora, entrasse. Ela não fazia parte da panelinha”.
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