Por Bloomberg News
Os EUA têm um superávit de US$ 20 bilhões com a China e de US$ 1,4 trilhão com o restante do mundo.
Essa não é a balança comercial normal, é claro, na qual os EUA registraram um déficit anual de mais de US$ 330 bilhões com a China e de cerca de US$ 550 bilhões com o mundo no ano passado. De acordo com pesquisa do Deutsche Bank, esse é um “superávit de vendas agregadas”, que mede o comércio direto e as vendas de companhias multinacionais.
Considerar apenas o déficit comercial de bens e serviços é enganoso e não reflete a verdadeira dimensão dos interesses comerciais dos EUA, de acordo com economistas do Deutsche Bank. Embora os dados comerciais e corporativos normalmente não sejam combinados, se forem somados todos os dados comerciais, as vendas de empresas dos EUA em países estrangeiros e de empresas estrangeiras nos EUA, “as companhias americanas venderam mais para o restante do mundo do que os outros países venderam para os EUA nos últimos dez anos”, escreve o economista-chefe para a China, Zhang Zhiwei, no relatório.
A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de reduzir o déficit comercial de seu país gerou um conflito com o restante do mundo desenvolvido, que se refletiu em uma amarga cúpula do G-7 no Canadá no fim de semana. Enquanto isso, a China e os EUA estão negociando para evitar uma guerra comercial e Trump ameaça impor tarifas a pelo menos US$ 50 bilhões em importações de produtos chineses a partir de 15 de junho.
Para a China, a imagem de um enorme déficit comercial com os EUA “contrasta com o fato de os consumidores chineses terem mais iPhones e comprarem mais carros da General Motors do que os consumidores americanos”, escreveu Zhang no relatório. “Esses carros e telefones são vendidos para a China não por meio de exportações americanas, mas através de subsidiárias chinesas de companhias multinacionais.”
Em vez de um déficit comercial crescente com a China, o Deutsche Bank estima que houve um superávit pequeno, porém crescente. O aumento refletiu a demanda cada vez maior dos lares chineses por bens e serviços estrangeiros, impulsionada em parte pelo impacto de riqueza do boom imobiliário da China. O superávit de vendas com a China pode ultrapassar US$ 100 bilhões até 2020 se as duas maiores economias do mundo evitarem uma guerra comercial, estima Zhang.
Os EUA também geraram superávits de vendas com países como México e Canadá, mas tiveram déficits com o Japão e a Alemanha no ano passado, escreveu Zhang.
Nem todos os analistas estão convencidos de que o método de Zhang seja útil. Brad Setser, ex-funcionário do Tesouro dos EUA, diz que o Deutsche Bank está comparando elementos diferentes.
“Analisar as vendas agregadas — somando as exportações com as vendas internas de empresas que investiram na China — cria muito mais problemas do que soluções”, diz Setser, membro sênior do Conselho de Relações Exteriores em Washington. “Os dados de vendas são úteis por si só, mas a soma só confunde as coisas. Ela não proporciona uma maneira particularmente útil de analisar o comércio.”
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