Obsessão chinesa por esqui é oportunidade para empresa austríaca

Por Hugo Miller.

É longo o caminho desde a emblemática pista austríaca de Hahnenkamm até as encostas mais suaves do nordeste da China, mas Hugo Rohner está voltando lá para explorar a nova fixação de Pequim pelo esqui.

Rohner, 43, administra a empresa austríaca Skidata, que vendeu seu sistema de gestão — que permite que os esquiadores comprem ingressos pela internet e os leva até os teleféricos mais rapidamente por meio de catracas automáticas — a resorts de esqui como Kitzbuehel, com sua famosa pista Streif, Verbier, na Suíça, e Aspen, nos EUA. Ele planeja retornar à China no mês que vem, depois de uma visita em janeiro, para avançar com as negociações com alguns resorts de esqui “mais estabelecidos”.

A iniciativa da Skidata para encontrar novos mercados surge no momento em que o presidente da China, Xi Jinping, tenta converter 300 milhões de pessoas aos esportes de inverno para quando Pequim organizar a Olimpíada de Inverno de 2022. Rohner não subestima a escala do desafio: ele afirma que o mercado chinês, de cerca de 8 milhões de dias/esquiadores por ano, é equivalente apenas à oitava parte do mercado americano e à décimo-sexta parte do mercado europeu.

“Eu não tenho nenhuma dúvida de que esse número chegará a 10-12 milhões; a pergunta é: chegará a 20 milhões?”, disse Rohner, um suíço que cresceu esquiando no resort de Lenzerheide. “A China tem grandes planos políticos de colocar as pessoas para esquiar. No fim, eles precisam criar a classe média que vê o esqui ou o snowboarding como um estilo de vida.”

Tornar a marca Skidata conhecida rapidamente é fundamental para conseguir negócios na China, disse ele. “É preciso estar lá desde o princípio.”

Rohner preferiu não identificar os resorts com os quais negocia. Alguns dos maiores estão em Yabuli, ao norte de Harbin, e Huaibei, perto de Pequim.

Só na capital da China, as autoridades municipais planejam ampliar a receita obtida com os esportes de inverno e com o turismo para cerca de US$ 6 bilhões até 2022 e levar um terço da população de Pequim, de mais de 20 milhões de habitantes, para os esquis, os trenós e os patins de gelo.

Vencedores do esqui

Outras empresas viram suas ações subirem depois de receberem contratos na China. O valor dos papéis da Montagne & Neige Developpement, uma empresa francesa que desenvolve resorts de esqui e sistemas de transporte por cabo, mais do que dobrou em 16 de fevereiro depois que a empresa ganhou um contrato de 110 milhões de euros (US$ 120 milhões) para desenvolver um novo local chamado Snowland, candidato a receber eventos olímpicos em 2022. O valor da MND quase triplicou neste ano, o que faz dela a empresa com o terceiro melhor desempenho do CAC AllShares Index, que tem 508 membros.

A Skidata gerou 319 milhões de francos suíços (US$ 322 milhões) em receitas no ano passado, o equivalente a cerca de 30 por cento da receita da produtora de softwares de segurança suíça Kudelski, que comprou a empresa com sede em Salzburgo em 2001. As ações da Kudelski pouco mudaram neste ano após subirem 22 por cento em 2016.

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