Odebrecht e Queiroz Galvão negociam empréstimos: Fontes

Por Cristiane Lucchesi e Felipe Marques.

O fantasma das investigações de corrupção ainda assombra alguns dos maiores grupos de construção do Brasil e força uma nova onda de reestruturação das dívidas, disseram quatro pessoas familiarizadas com o assunto. Odebrecht e a Queiroz Galvão, que enfrentam uma diminuição da geração de fluxo de caixa após a Lava Jato, retomaram conversas com credores à medida que se aproximam vencimentos de dívida.

A Odebrecht negocia com os bancos para tentar obter R$ 3 bilhões, já que somente uma de suas unidades terá que pagar US$ 350 milhões de principal e juros de bônus emitidos no exterior neste ano, além de US$ 40 milhões em multas, disseram quatro pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não ser identificadas porque as discussões são privadas.

A primeira opção da Odebrecht ainda é chegar a um acordo com os bancos, pagando todos os eurobônus internacionais no prazo, disseram as pessoas.

A Odebrecht confirmou que está “em negociações constantes com seus bancos de relacionamento”.

Com uma dívida total de R$ 95 bilhões em junho do ano passado, segundo os últimos dados disponíveis, a Odebrecht tem vendido ativos para melhorar seu perfil de dívida, disse a empresa, acrescentando que 90% de seus títulos vencem em 2025 ou mais tarde.

A Odebrecht disse em uma resposta enviada por e-mail que “não tem interesse em vender ações da Braskem”. As ações da Braskem, usadas como garantia para reestruturar dívidas de unidades da Odebrecht nos últimos anos, tiveram valorização de mais de 25% no ano passado e podem ser dadas como garantia adicional no novo empréstimo, segundo uma pessoa.

Todos os dividendos da Braskem pagos à Odebrecht, que detém 51% do capital da petroquímica, já vão direto aos credores, de acordo com a pessoa.

A empresa está contando com vendas de ativos no Peru para pagar dívidas, incluindo a hidrelétrica de Chaglla, que vendeu em setembro para a China Three Gorges por US$ 1,4 bilhão, mas ainda não recebeu os recursos, à espera da autorização do governo do Peru para a conclusão do negócio, disse a Odebrecht.

A Odebrecht Engenharia e Construção tem uma estrutura de capital “insustentável”, que pode levá-la à inadimplência ou a outro tipo de reestruturação nos próximos 12 meses, disse a S&P quando rebaixou a empresa.
Somente o principal e o pagamento de juros externos consumirão todos os ganhos de caixa operacional esperados de US$ 350 milhões para 2018, segundo a S&P.

A Queiroz Galvão também está em conversas com os bancos e a sua unidade de óleo e gás tem US$ 400 milhões em títulos em dólares e empréstimos vencendo neste ano, disseram duas das pessoas.

A empresa já está em negociações informais com os detentores de títulos para uma reestruturação, disseram.
A Queiroz Galvão Óleo e Gás tem um empréstimo de US$ 300 milhões além de US$ 100 milhões em títulos com vencimento neste ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

No total, a Queiroz Galvão tem cerca de US$ 800 milhões em títulos internacionais, US$ 1 bilhão em empréstimos em dólares e R$ 1,2 bilhão em dívida local.

As reestruturações de dívida locais e internacionais feitas nos últimos anos não foram suficientes para resolver a situação de dívida do grupo, disseram as pessoas.

A Queiroz Galvão não quis comentar.

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