Por Fabiola Moura e Cristiane Lucchesi.
A Oi escolheu a Laplace Finanças para substituir a PJT Partners como seu assessor financeiro em uma restruturação de dívida de US$ 20 bilhões, disse uma pessoa familiarizada com o assunto, com o objetivo de retomar as negociações com os detentores de títulos após um impasse.
O conselho da operadora brasileira de telefonia escolheu a Laplace em uma reunião na quarta-feira, quando também aprovou o relatório de resultados do terceiro trimestre, disse a pessoa, que pediu anonimato porque a decisão ainda não é pública. Ter um novo assessor ajudará a agilizar as discussões com os detentores de títulos, disse o presidente da Oi, Marco Schroeder, que não quis revelar o nome do assessor antes de o contrato ser assinado.
“Estamos cientes de que precisamos começar a agilizar as negociações”, disse Schroeder. “Já tivemos algumas reuniões com os bancos e o novo assessor nos ajudará no processo com os detentores de dívida.” A Laplace não respondeu imediatamente a um pedido de comentário enviado por e-mail depois do horário comercial.
A Oi está atravessando um período difícil desde que entrou com um pedido de recuperação judicial em junho, inclusive com brigas entre acionistas e negociações intermitentes com detentores de dívida descontentes. Seus resultados do terceiro trimestre mostraram na quarta-feira que a operadora conseguiu cortar custos, superando as estimativas de lucro dos analistas, apesar de ainda ter dificuldades para reter clientes.
Raízes locais
A Laplace, antigamente conhecida como Arion Capital, oferece à Oi uma equipe com muita experiência no Brasil. Um de seus sócios, Renato Carvalho, foi sócio fundador da Angra Partners, uma butique financeira brasileira, onde era responsável pela divisão de assessoria e reestruturação. Ele trabalhou na reestruturação da Santelisa Vale, da Kepler Weber e da Brasil Ferrovias. Ele é o presidente do conselho da Turnaround Management Association no Brasil.
Allan Libman, outro sócio, é ex-responsável pela área de banco de investimentos do Credit Suisse no Brasil e ex-membro do comitê de banco de investimentos do Credit Suisse em Nova York. E Marcelo Saad, também sócio, foi co-responsável pelo banco corporativo e securities para o Brasil do Deutsche Bank AG. Antes disso, ele foi responsável pela área de renda fixa do Credit Suisse Asset Management no Brasil e responsável pela estruturação de produtos de renda fixa do Credit Suisse no Brasil.
Além de negociar com os detentores de dívida, a Laplace terá que lidar com distintos interesses para resolver os problemas de dívida da Oi. O segundo maior acionista da empresa de telefonia, o Société Mondiale, foi proibido nesta semana de enviar representantes às reuniões do conselho depois que a Anatel descobriu que o investidor teria participado da tomada de decisão sem aprovação formal.
Interesse próprio
Um representante da Anatel participou da reunião de quarta-feira como observador. Além de exercer a função de supervisionar as empresas de telefonia, a Anatel tem um interesse próprio na Oi porque a companhia deve pelo menos R$ 10 bilhões em multas por problemas com o serviço.
“Acredito que exista uma solução de mercado para a Oi e o fato de que estamos gerando dinheiro deveria dar um alívio para o mercado e para a Anatel”, disse Schroeder. Ele ainda acredita que a Oi poderá se recuperar sem intervenção do governo, mas entende a necessidade de a Anatel se preparar para atuar se for necessário, disse ele.
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