Olam vê preços agrícolas baixos em 2018 por rendimento maior

Por Javier Blas e Alfred Cang.

A Olam International, uma das maiores traders de alimentos do mundo, prevê que os preços dos grãos e das oleaginosas permanecerão baixos em 2018 devido à produtividade crescente nas principais regiões exportadoras, incluindo Rússia e Brasil.

A produção agrícola por hectare aumentou neste ano porque os agricultores dos países emergentes estão usando sementes melhores, mais fertilizantes e novas tecnologias empregadas há tempos nos EUA e na Europa, disse o diretor operacional da Olam Group, Shekhar Anantharaman, em entrevista, em Cingapura. O clima quase perfeito nas regiões produtoras também ajudou a aumentar o rendimento das lavouras, disse ele.

“Estamos nos fixando novamente em rendimentos mais elevados”, disse Shekhar, na nova sede da Olam, perto de Marina Bay. “Metade, ou talvez mais, da melhora veio para ficar”, disse ele, ressaltando que o salto nos rendimentos parece estrutural, e não um impulso climático pontual. O milho, a soja e o trigo têm excesso de oferta, disse ele.

Os investidores em commodities acompanham de perto as previsões feitas por traders como Olam e por rivais maiores, como Archer-Daniels-Midland, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus, Cofco International e Glencore, porque suas relações comerciais dão a elas informações sobre tendências globais de oferta e demanda.

O excesso de oferta diminuiu a volatilidade dos preços e a rentabilidade de algumas das principais tradings, obrigando-as a cortar custos. Os preços dos cereais, da soja e do óleo de palma se estabilizaram no último ano e continuam bem abaixo dos picos mais recentes de 2007-2008 e 2010-2012.

Entre as diferentes culturas, segundo Shekhar, o milho teve “o balanço mais caro e provavelmente o excesso de oferta continuará em 2018”. O milho é negociado em Chicago a US$ 3,50 por bushel, perto do mesmo nível de um ano atrás e bem abaixo da alta histórica de US$ 8,49 estabelecida em agosto de 2012. Apesar do preço baixo, o cultivo do milho ainda é bastante rentável para os agricultores dos EUA, embora ele veja “muito pouco potencial de alta”.

Por outro lado, a soja pode ser afetada pelo clima ruim no Brasil nas próximas semanas, com potencial de preços mais elevados. O trigo poderia se beneficiar com a demanda maior e com os gargalos às exportações na Rússia, acrescentou.

O óleo de palma, óleo vegetal mais negociado do mundo, está “com uma oferta muito, muito grande”, sendo que a Índia e a China têm bastante estoque, disse Shekhar. Os preços do óleo de palma “têm maior probabilidade de cair do que de permanecer onde estão”, disse ele.

Pelo fato de os preços agrícolas continuarem deprimidos, a Olam, que é controlada pela Temasek Holdings, fundo de investimento estatal de Cingapura, e pela empresa japonesa Mitsubishi, está avançando com a estratégia de expansão na África.

“Vemos um potencial significativo na África de expandir no ramo de ração”, disse Shekhar, em referência ao processo de moagem de cereais como trigo, milho e soja para produzir compostos para engordar frangos e outros animais. “A África está provavelmente onde estava a Ásia há 20 anos.”

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