Por Ania Nussbaum.
Após um processo especialmente longo e tortuoso, o Comitê Olímpico Internacional deverá escolher Paris como sede da Olimpíada de 2024 nesta quarta-feira em votação, em Lima. Los Angeles, a única rival, ficará com a edição de 2028.
Para celebrar a escolha oficial como anfitriã, Paris planeja um show ao ar livre e um evento ao vivo perto da Torre Eiffel. As empresas francesas também estão se sentindo festivas, de olho na estimativa de investimento de 6,6 bilhões de euros (US$ 7,9 bilhões) da cidade para se preparar para o maior evento esportivo do planeta.
“Isto é extremamente positivo”, disse Martin Bouygues, CEO da Bouygues, a segunda maior construtora do país, patrocinadora da candidatura de Paris. “A Olimpíada é uma oportunidade de atualizar a infraestrutura existente e de desenvolver uma nova.”
Um total de US$ 3,2 bilhões será investido em novas instalações e a maior parte do dinheiro vem de patrocinadores privados, do COI e das vendas de ingressos. Um estudo encomendado pela cidade estimou que o evento poderia gerar até 10,7 bilhões de euros para a região e 247.000 empregos.
“Os Jogos Olímpicos são um projeto para toda a sociedade que envolve todos os setores”, disse a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, em entrevista, antes da votação. “Isso acelerará nosso avanço rumo a uma economia mais ecológica e inclusiva.”
Hidalgo não deu importância ao fantasma dos estádios decadentes e das instalações abandonadas de cidades-sede anteriores como Atenas e Rio de Janeiro. Sentada em seu vasto escritório dourado no histórico prédio da prefeitura da cidade, ela insistiu que a França criará benefícios duradouros e trabalhará com as empresas para garantir que o evento caiba no orçamento, que representa menos da metade do custo da Olimpíada do Rio e inclui uma contribuição de 1,5 bilhão de euros do Estado francês.
A maioria das instalações esportivas e habitacionais já existe, disse ela. Qualquer instalação adicional pode gerar atividade para construtoras locais como Bouygues, Vinci, Eiffage e Cie. de Saint-Gobain, fornecedora de materiais como vidro e placas de gesso.
Ela também ressaltou que a piscina planejada para o subúrbio de Saint-Denis será aberta ao público após o evento e que as acomodações para a imprensa e os atletas serão convertidas em habitações de baixa renda.
Estouro do orçamento
Outros prefeitos e cidades organizadoras tentaram o mesmo — e fracassaram. Os Jogos Olímpicos estouraram os orçamentos em média em 176 por cento entre 1968 e 2016, segundo pesquisadores da Universidade de Oxford e da Faculdade de Administração Said. O preço projetado total do próximo evento, a Olimpíada de 2020 em Tóquio, quase dobrou em relação ao montante inicial, de US$ 12,6 bilhões, apesar da promessa de austeridade fiscal.
O orçamento de Paris não inclui o custo de segurança, que pode ser especialmente elevado devido ao risco de terrorismo. As autoridades francesas usarão 48.000 agentes para segurança fora das instalações e as empresas privadas contratadas terão 20.000 agentes no interior das instalações, disse Christophe Delaye, comissário de polícia de Paris encarregado da Olimpíada. Os números contrastam com o total de 90.000 agentes de segurança mobilizados em todo o país para o torneio de futebol UEFA Euro 2016.
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