Por Grant Smith.
A Opep e seus aliados, que neste fim de semana avaliarão o impacto dos cortes na produção de petróleo, estão diante de um mercado que tem uma mensagem clara: o trabalho está longe de terminar.
Os países produtores se reunirão no Kuwait para avaliar a implementação dos cortes de produção acordados no ano passado, mas as discussões serão ofuscadas pela dúvida sobre se a persistente abundância exige que os limites sejam estendidos até depois do verão (Hemisfério Norte). Com os estoques de petróleo dos EUA atingindo níveis históricos e os preços do barril abaixo de US$ 50, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros têm poucas alternativas além de manter os cortes, segundo os 13 analistas consultados pela Bloomberg.
“Eles provavelmente concluirão que precisam se conformar e enfrentar essa situação por mais tempo”, disse Ed Morse, chefe de pesquisa de commodities do Citigroup em Nova York. “A cola que os uniu no início, que são os preços mais altos, continuará mantendo-os unidos.”
O petróleo deu um salto de 20 por cento nas semanas posteriores à decisão da Opep e de 11 aliados de reduzir a produção para encerrar três anos de excedentes. Apesar de a Opep ter cumprido quase todos os cortes prometidos, os preços caíram desde então devido ao temor de que os limites não estejam reduzindo o excesso de oferta suficientemente rápido, e as produtoras de xisto dos EUA estão se preparando para suprir qualquer déficit.
Um comitê formado por cinco países estabelecido para monitorar a implementação do acordo, fechado em 10 de dezembro do ano passado, se reunirá na Cidade do Kuwait em 26 de março. A Opep atingiu 91 por cento dos cortes prometidos no mês passado e a Rússia e outros aliados entregaram cerca de 44 por cento, segundo dados da Agência Internacional de Energia.
“O custo da mudança de curso para os produtores é simplesmente alto demais”, disse Bill Farren-Price, CEO da consultoria Petroleum Policy Intelligence. “Eles estão comprometidos com esse caminho no momento e buscarão um recuo nos estoques no segundo semestre.”
Os ministros da Opep se reunirão em 25 de maio em Viena para decidir sobre o prolongamento do acordo.
Analistas de bancos como Bank of America, Commerzbank e Citigroup preveem que eles prolongarão os cortes até o fim do ano.
Embora tenha insistido que era muito cedo para afirmar o que será decidido, o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, sinalizou em entrevista à Bloomberg Television, em 17 de março, que o reino está mais disposto a prolongar os limites. O acordo será mantido se os estoques de petróleo ainda estiverem acima de sua média de cinco anos, disse ele, uma mudança em relação à sua posição anterior de que seis meses de cortes seriam suficientes.
Atingir a meta de reduzir os estoques para níveis normais até meados do ano é “impossível”, segundo a consultoria FGE. A Opep e seus parceiros reduziriam em menos de um terço o excedente de 300 milhões de barris se cortassem a produção por apenas seis meses, indicam dados da AIE.
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