Por Grant Smith.
A Opep destacou uma série de riscos que estão surgindo na economia global e que poderiam prejudicar a demanda por petróleo em meio aos preparativos dos ministros para uma reunião sobre políticas de produção, o que representa uma mudança em relação à projeção do mês passado.
As tensões comerciais, o aperto monetário dos bancos centrais e os problemas financeiros de alguns países emergentes “constituem desafios para a tendência atual de crescimento econômico global”, afirmou o departamento de pesquisa da organização em seu relatório mensal. “Será fundamental monitorar a incerteza nos mercados cambiais e financeiros.”
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados encabeçados pela Rússia se reunirão em Argel no fim do mês para avaliar os mercados internacionais depois de terem resolvido ampliar a produção na última reunião, em junho. Os preços do petróleo são negociados perto do maior patamar em dois meses em Londres, a quase US$ 80 por barril, porque o surgimento de preocupações com a demanda decorrentes das tensões comerciais entre EUA e China é contrabalançado pela perda de oferta em países como Irã e Venezuela.
O relatório da Opep prevê também pequenos cortes na demanda por petróleo, o que reduz as estimativas de crescimento em 2019 em 20.000 barris por dia, para 1,41 milhão por dia. No entanto, ressaltou perigos iminentes que poderiam dificultar ainda mais o consumo, como a fragilidade das economias argentina e turca, a depreciação cambial na Índia e o protecionismo crescente.
É marcante a mudança de tom em relação ao relatório do mês passado, que observou que “o desenvolvimento econômico saudável e o aumento da atividade industrial” provavelmente respaldariam a demanda por combustíveis destilados.
Embora o encontro deste mês em Argel seja uma revisão do subcomitê, e não uma grande reunião oficial da Opep, a maioria dos grandes produtores participará. Os dados de oferta do relatório do grupo indicam que podem surgir tensões quando os ministros se reunirem.
A produção caiu ainda mais no Irã, um país-membro da Opep, registrando recuo diário de 150.000 barris, para 3,58 milhões por dia, em agosto. A Arábia Saudita — maior produtora da organização — ampliou a oferta novamente, para 10,4 milhões por dia, segundo o relatório.
Os dois países continuam em lados nitidamente opostos em relação aos detalhes do acordo fechado em junho. Os sauditas, respaldados por outras nações do Golfo e pela Rússia, afirmaram que a Opep havia concordado em adicionar cerca de 1 milhão de barris por dia aos mercados mundiais.
Por outro lado, o Irã, cuja oferta é pressionada pelas sanções dos EUA, afirma que o incremento acordado era muito menor e tem reclamado dos aumentos dos colegas.
Os acréscimos de produção dos sauditas nos últimos meses para preencher a lacuna deixada pelo Irã serão assunto quase certo nas negociações programadas para 23 de setembro na capital da Argélia.
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