Os altos e baixos do Brasil

Estamos em 2009, e o amado presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva anuncia a maior descoberta de petróleo do país, seu “passaporte para o futuro”. O Rio de Janeiro é sorteado como sede das Olimpíadas de 2016, além da Copa do Mundo DE 2014, e os brasileiros enxergam um reconhecimento tardio de sua posição internacional. A crise financeira global aparece como um contratempo a um Brasil efervescente durante o boom de commodities. Pulemos para 2015: a economia estagnou. O ministro das finanças sofre ara manter o rating de crédito do país em um nível respeitável. O brasileiro que já foi o oitavo bilionário mais rico do mundo paga dívidas depois de boa parte de suas empresas entrarem com pedidos de recuperação judicial. A Petrobras, colosso estatal de petróleo, está em meio a um escândalo de corrupção, e as autoridades investigam Lula, que nega qualquer delito, por tráfico de influência. O que deu errado? Será que a protegida e sucessora de Lula, presidente com a menor taxa de aprovação em mais de duas décadas, pode ajudar o Brasil a entrar no jogo novamente?

A situação

A economia brasileira desacelerou até a estagnação entre 2011 e 2014, e economistas consultados pelo Banco Central esperam contração de 2% esse ano. O real caiu em quase 50% desde 2011, quando a presidente Dilma Rousseff assumiu o poder. A confiança dos negócios está no nível mais baixo de todos os tempos e a confiança do consumidor também está próxima da mínima. A dívida soberana foi rebaixada no ano passado para um nível acima de “junk”. Em julho, a Petrobras havia perdido quase três quartos de seu valor de mercado desde 2007. A inflação tem estado acima da meta oficial de 4,5% por cinco anos, alcançando o ritmo mais rápido em mais de uma década. Dilma acaba de ganhar a reeleição em 2014 depois de uma campanha na qual prometeu preservar o progresso social e lutar contra a inflação. Depois de assumir em um momento de déficit orçamentário recorde, ela escolheu um banqueiro como ministro da Fazenda para aumentar os impostos e cortar gastos governamentais. A aprovação de seu governo permanecia em 8% em agosto – mais baixa desde 1989 – e protestos levaram mais de um milhão de pessoas às ruas.

O pano de fundo

O Brasil sofreu ciclos de bonança e falência e instabilidade política por boa parte dos últimos duzentos anos, desde a independência de Portugal em 1822. Metade das exportações em 2014 foram matérias-primas, o que significa que a prosperidade do país é sensível às mudanças no mercado de commodities. No papel, o país parece poderoso. É o quinto maior país do mundo em território e população. Suas reservas marítimas de petróleo incluem a maior descoberta do hemisfério ocidental desde 1976. O país tem a segunda maior reserva de minério de ferro, é o segundo maior produtor de grãos de soja e o terceiro maior de milho. Oitenta por cento da eletricidade da nação vem de usinas hidrelétricas, e há produção de etanol, o que significa que é uma das economias menos produtoras de carbono do mundo. Por outro lado, a distribuição de riqueza permanece entre as mais desiguais. Bons tempos forneceram recursos para alimentar o programa de bem estar social Bolsa Família, que se tornou um modelo mundial de erradicação da pobreza. A nova classe média foi às compras, impulsionando o crescimento. Agora, com a queda dos preços das commodities e as dificuldades da indústria, esse modelo parece ter se esgotado. Os investimentos que teriam aumentado a eficiência da economia permaneceram muito abaixo da China em porcentagem do PIB.

O argumento

Em seu primeiro mandato, Dilma culpou o fraco crescimento econômico mundial depois da crise financeira pelo modesto desempenho econômico do Brasil. No início do segundo mandato, ela reforçou a austeridade e prometeu que não prejudicaria ganhos sociais como a queda dos níveis de pobreza, a diminuição da desigualdade e os avanços na expectativa de vida, níveis de escolaridade e renda. Para apoiar as contas e manter o grau de investimento dos bonds, o governo anunciou aumentos de impostos em itens desde a gasolina até maquiagem, e realizou cortes em aposentadoria e benefícios para desempregados. Críticos dizem que o Brasil ainda precisa dar a partida no próximo passo para o crescimento, reduzindo a carga tributária, a burocracia e as altas taxas. Eles dizem que essas medidas impulsionariam investimentos, e leis trabalhistas mais flexíveis aumentariam a produtividade. Eles querem que o Brasil pare de se apoiar no consumo, que juntamente com gastos do governo ainda são responsáveis por 80% do PIB.
 

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