Por Marie Mawad e Stefan Nicola.
Sua geladeira está ficando inteligente demais, e a fabricante de software de segurança Kaspersky Lab acredita que você provavelmente não deveria confiar nela.
Como os fabricantes de eletrodomésticos estão enchendo seus aparelhos de chips de computador para torná-los mais inteligentes, os consumidores e órgãos responsáveis por regular questões de privacidade deveriam tomar cuidado com os dados coletados por esses aparelhos e com o modo em que eles são usados, disse Marco Preuss, diretor da equipe global de pesquisa e análise da Kaspersky na Europa, na conferência de produtos eletrônicos de consumo IFA em Berlim.
“Uma geladeira deixou de ser apenas uma geladeira, agora é também um sensor que coleta informações privadas”, disse Preuss. “Os fabricantes precisam informar quais dados foram coletados, onde eles estão armazenados e quem está utilizando-os, e os órgãos reguladores precisam elaborar padrões e requisitos para que as empresas sejam mais transparentes em relação a isso. É o único modo de recuperar a confiança do consumidor”.
Os motores de busca e as redes sociais deixaram os consumidores mais atentos ao fato de que informações sobre o comportamento deles estão sendo coletadas e utilizadas com fins comerciais. O desenvolvimento da chamada Internet das Coisas levará a milhões de eletrodomésticos conectados à rede que colhem dados sobre os hábitos das pessoas em sua própria casa.
Na IFA, a Samsung Electronics exibiu uma geladeira que envia a seu telefone estatísticas e fotos dos alimentos que ela contém. Uma tela de 21,5 polegadas permite que os membros de uma família troquem mensagens, façam o pedido das compras e compartilhem seus calendários. A Qingdao Haier, empresa chinesa que comprou a unidade de eletrodomésticos da GE, lançou um robô na nuvem que administra os aparelhos inteligentes e um frigobar que entrega bebidas geladas por controle remoto.
A Kaspersky afirmou que os fabricantes podem conseguir mais informações sobre os consumidores com os dados que circulam por esses aparelhos e que terceiros estariam muito interessados em obter acesso a eles.
“Você realmente quer que seu plano de saúde saiba que só tem cerveja e chocolate na sua geladeira?”, disse Preuss. “Os fabricantes precisam pensar na privacidade dessas informações. Nem tudo que está conectado e coletando dados tem permissão para compartilhá-los”.
Os eletrodomésticos conectados podem ser encontrados muito além da cozinha, e a Kaspersky salientou os riscos de objetos como os medidores de energia, que “podem saber o que você está fazendo em casa, a que horas você vai dormir e quando você sai de casa, ou até qual programa de TV você está assistindo”.
A maioria dos consumidores alemães sente que o uso de ferramentas digitais expõe sua privacidade, de acordo com uma pesquisa publicada pela Kaspersky em agosto. De todos os participantes, 71 por cento afirmaram se preocupar com o fato de as empresas de internet coletarem seus dados pessoais, e quase a metade disse que tinha sentimentos negativos em relação ao futuro digital.
Para as empresas de software e serviços, como Kaspersky, Symantec e Microsoft, o aumento da quantidade de objetos conectados pode ser uma oportunidade de expansão para seus próprios negócios.
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