Os festivais de música como negócio

Em setembro de 2015, o “Mix-perience”, primeira edição do festival KAABOO, atraiu cerca de 60.000 pessoas para o local onde é realizada a feira de Del Mar, em San Diego, na Califórnia. Foram três dias marcados pela presença dos personagens mais prestigiados em música, comédia, arte e comida gourmet. No segundo ano do evento, em setembro de 2016, o público estimado aumentou mais de 50%. No sábado, todos os ingressos foram vendidos, inclusive os de admissão geral e o VIP AMPLIFY (VIP) — o que não é pouco, dado que custavam entre US$ 119 e US$ 2.499.

Em um momento em que diversas gestoras de fortunas familiares (family offices) se distanciam de veículos tradicionais e exploram alternativas de investimento direto como forma de diversificar riscos e isolar carteiras da volatilidade dos mercados, esse tipo de crescimento em apenas 12 meses chama a atenção. Será que a tendência de festivais de música – cada vez mais populares e culturalmente impactantes – pode se transformar em alternativa de investimento atípica, mas viável?

Seth Wolkov, diretor da Madison Companies, firma de investimento privado conhecida por sucessos nas áreas de imóveis, lazer e hotelaria e que fundou o KAABOO, é otimista: “Eventos ao estilo do KAABOO estão se provando bons veículos de investimento”, ele afirma. “Não são eventos de música, são experiências musicais. A ideia está pegando rapidamente na América do Norte, mas já acontece no exterior há décadas.”

A pesquisa da Madison mostra que, embora a “economia de experiências” venha se expandindo há algum tempo, os fãs de música em especial estão gastando menos com bens para poder participar de experiências voltadas para música com maior frequência. Cada vez mais, eles se sentem atraídos por eventos que duram vários dias, que minimizam questões de transporte, trazem vários artistas e várias oportunidades de participação. Eles estão dispostos a pagar mais por este tipo de experiência.

Mesmo sendo frequentemente atribuído à Geração Y, o desejo por experiências em detrimento de bens materiais é um fenômeno que atinge toda a população dos EUA, de acordo com estudo realizado em 2014 pela San Francisco State University.

“As pessoas de fato sabem e preveem com precisão que experiências de vida as tornam mais felizes”, explicou o coautor do estudo, o professor associado da universidade, Ryan Howell. “O que elas realmente subestimam é quanto valor monetário vão extrair de uma experiência de vida. Mesmo ouvindo que experiências vão torná-las mais felizes e sabendo que experiências vão torná-las mais felizes, elas ainda percebem itens materiais como tendo valor melhor.”

Assim, o segredo é dar aos consumidores uma oportunidade que eles já buscam. Nenhuma “experiência” individual vai atender a todo segmento da população. Os públicos de festivais como Coachella, Burning Man e KAABOO (este último voltado para adultos que amam música, mas não topam a atmosfera às vezes agressiva e a falta de conforto) são necessariamente muito diferentes.

Agende uma demo.