Por Josue Leonel.
Apesar do otimismo do mercado com as reformas, a extensão do rali dos ativos brasileiros no curto prazo é limitada pelas dúvidas sobre o conteúdo e o prazo de aprovação do projeto da Previdência. Enquanto os investidores mais conservadores, inclusive estrangeiros, não devem pagar para ver antes da aprovação final da reforma, para os mais agressivos os gatilhos para apostar no Brasil podem vir antes.
Um dos eventos mais importantes é o envio da proposta da equipe econômica ao Congresso, esperado para a segunda quinzena de fevereiro. O envio deverá esclarecer pontos vitais, como o tamanho da economia prevista. O mercado se mostrou otimista com o noticiário recente, apontando para cortes de despesas na casa de R$ 1 trilhão em 10 anos. Seria uma reforma mais ampla do que aquela que já está no Congresso – mas que, em contrapartida, pode exigir mais tempo de debate.
Além disso, o noticiário sobre a formação da base política do governo após as definições dos comandos da Câmara e Senado também poderá ser gatilho para o mercado. Uma eventual notícia de que o governo já tem maioria para a votação poderia fazer o dólar, por exemplo, antecipar parte da queda esperada com a aprovação da reforma. “O mercado sempre antecipa os fatos”, disse Nathan Blanche, da Tendências Consultoria, para quem a moeda poderá cair abaixo de R$ 3,00 se for aprovada uma reforma que acabe com o risco de insolvência do país.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em entrevista após ser reeleito, disse que o governo ainda não tem votos suficientes e fez objeções à ideia de acelerar a tramitação da reforma. “Os comentários do Maia estão deixando o mercado mais cauteloso”, disse You-na Park, estrategista do Commerzbank. Ela espera a aprovação ainda este ano, o que levaria o dólar a cair para R$ 3,50 até o fim de 2019, mas no curto prazo alerta para o risco de decepção, dado que a aprovação da emenda não dever ser tranquila.
Apesar das declarações de Maia sugerirem cautela, Blanche, da Tendências, não descarta a aprovação da reforma ainda neste semestre. Para ele, deverá acabar prevalecendo o sentido de urgência, com estados e municípios, alguns insolventes e em situação fiscal pior do que a do governo federal, ajudando a pressionar pela mudança rápida da Previdência.
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