Na década de 1990, o Financial Accounting Standards Board (FASB) dos EUA decidiu aumentar a transparência nos dados financeiros das empresas, exigindo que os derivativos fossem mensurados pelo valor justo (fair value) de mercado e registrados como ativos ou passivos nos balanços patrimoniais. O padrão contábil que requer esses relatos, conhecido como FAS 133, entrou em vigor em 2000.
O cumprimento desta exigência usando a marcação a mercado provoca grande flutuação nos balanços, por isso a FASB oferece às companhias a alternativa de usar o hedge accounting, que reduz essa volatilidade ao tratar um investimento e seu hedge oposto como um só. O hedge accounting oferece vantagens claras, mas demanda esforço e complexidade.
Exposições, instrumentos e modalidades de hedge
Existem três categorias principais de ativos para as quais as empresas podem usar o hedge accounting:
- Exposições em moeda estrangeira. As empresas podem usar o hedge accounting para exposições em transações, como compras previstas e receitas e despesas em moeda estrangeira. Também pode ser usada para ativos e passivos denominados em moeda estrangeira, mas não para converter moeda estrangeira em moeda de prestação de contas.
- Exposições a taxas de juros. Incluem empréstimos previstos com taxas pré-fixadas, ativos e passivos com taxas pós-fixadas, além de ativos e dívidas com taxas pré-fixadas.
- Exposições a commodities. Incluem compras e vendas previstas e estoques.
Um hedge contábil deve diminuir o risco de exposição de uma empresa. Nem todos os instrumentos de hedge são adequados ao hedge accounting, mas entre os que se adequam estão contratos a termo, opções compradas e certas opções combinadas.
Existem também três modalidades de hedge adequadas a hedge accounting:
- Hedge de fluxo de caixa. Reduz o risco de variação no valor justo de fluxos de caixa futuros.
- Hedge de valor justo. Reduz o risco de variação no valor justo de ativos e passivos existentes ou compromissos firmes.
- Hedge de investimento líquido. Reduz o risco de variação nos valores líquidos de ativos estrangeiros devido a oscilações nas taxas de câmbio.
Por que utilizar hedge accounting?
Timing é tudo em hedge accounting. A lógica econômica da transação de hedge não muda. O que muda é quando o derivativo será reconhecido nas demonstrações financeiras da empresa. Com o hedge accounting, o objetivo é parear os ganhos e perdas do derivativo aos ganhos e perdas do investimento subjacente. A capacidade de registro no mesmo período contábil é o grande benefício do hedge accounting.
O hedge accounting é opcional e provavelmente não importa tanto para empresas de capital fechado, embora muitas utilizem o sistema porque desejam seguir as melhores práticas. A diferença é maior para empresas listadas, para evitar que a volatilidade percorra suas demonstrações financeiras como ocorreria com um derivativo marcado a mercado.
Artigo publicado originalmente em setembro de 2019