Por Josue Leonel.
O dólar chegou a atingir máxima de R$ 3,69 na manhã desta terça-feira, no maior nível em mais de dois anos. No curto prazo, o mercado vê dois recursos para o Banco Central evitar uma escalada descontrolada do câmbio. O primeiro poderia vir no comunicado do Copom desta quarta-feira, que seria alterado para reconhecer a piora do quadro externo e deixar claro que o ciclo de corte de juros chegou ao fim. O segundo recurso seria aumentar as intervenções no câmbio, caso a alta do dólar persista com volatilidade intensa.
Mesmo com o dólar pressionado, não faria diferença para o carry trade o Copom deixar de cortar a Selic em 0,25 ponto nesta semana, diz Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria. Para ele, se sentir um mercado muito desequilibrado e com demanda por hedge, o BC deve ampliar a oferta de swaps. São atuações que não mudariam a tendência, mas poderiam amenizar a volatilidade.
Para Rishi Mishra, analista da Futures First, há dois cenários possíveis. No primeiro, estaríamos vivendo o início de um “mundo novo”, com petróleo acima de US$ 80 o barril e juro do título americano de 10 anos a 3,5%. Neste cenário, independentemente do que o BC fizesse, o dólar voltaria a R$ 4,00, pois não faria sentido carregar ativos em reais, e os juros teriam de subir antes do previsto.
Num segundo cenário, essa piora externa seria temporária e o mundo voltaria ao normal. Considerando o segundo caso, a postura atual do BC se provaria correta, diz Mishra. Para ele, a autoridade monetária poderia usar o próprio comunicado do Copom para sinalizar mais intervenções com swap, além de apontar o fim do ciclo de cortes da Selic.
A piora do quadro externo afeta mais países que enfrentam problemas internos, como Argentina e seus déficits gêmeos, e Brasil e México, com suas eleições. No Brasil, a incerteza eleitoral deixa o mercado em dúvida sobre se o próximo governo encaminhará as reformas necessárias para conter o déficit fiscal , diz Patrícia Pereira, gerente de renda fixa da Mongeral Aegon investimentos. “Não sabemos qual vai ser a política econômica em 2019 e nem nos anos seguintes.”
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