Oscilação da bitcoin é igual à de ETF campeão de volatilidade

Por Dani Burger.

A volatilidade da bitcoin é de outro nível.

Com crashes repentinos da moeda virtual e uma série recente de ataques cibernéticos com pedidos de resgate (ransomware), ficou difícil achar um ativo comparável. Quem chega mais perto é um fundo negociado em bolsa com anabolizantes, já criado para ser altamente volátil.

O valor da bitcoin agora oscila mais do que o do Direxion Daily Junior Gold Miners Index Bull 3x Share, ou JNUG, um fundo negociado em bolsa (exchange-traded fund ou ETF) que usa recursos emprestados para entregar o triplo do retorno de um índice que acompanha as ações de mineradoras de pequeno valor de mercado. E o spread de volatilidade entre a bitcoin e a versão inversa a descoberto do fundo, o JDST, é o menor em mais de três anos.

O aumento da volatilidade impede que a bitcoin ganhe maior legitimidade no mercado. Desde o estouro de uma bolha, em 2014, a moeda digital ficou mais estável. A volatilidade concretizada em dois meses chegou ao menor nível em registro em abril do ano passado. Porém, as oscilações recentes são uma lembrança sofrida de que a bitcoin tem muito chão pela frente até se comportar como uma moeda tradicional, se é que isso irá acontecer algum dia, disse Dave Nadig, presidente da firma de pesquisas ETF.com, em São Francisco, na Califórnia.

“Houve muitos avanços e investidores e instituições estão levando mais a sério”, disse Nadig. “Mas existem muitos pequenos passos para começar a haver legitimidade em um mercado e, por definição, a bitcoin é inerentemente desregulamentada. Parte do motivo para a volatilidade é a falta de uma estrutura de mercado.”

Alguns investidores importantes apostaram alto na estabilização da bitcoin e a volta das grandes oscilações não é auspiciosa. O ex-gestor de fundos de hedge Michael Novogratz investiu 10 por cento de seu capital em moedas digitais. Ele estima que esse universo poderá movimentar US$ 5 trilhões e pretende comprar mais bitcoins se o valor cair abaixo de US$ 2.000. Atualmente, a moeda é negociada por mais de US$ 2.500.

A bitcoin avançou 167 por cento neste ano, mas está cada vez mais correlacionada com uma moeda virtual menor, chamada ether, cujo valor desabou de mais de US$ 300 para 10 centavos na semana passada na bolsa GDAX, da Coinbase, mas se recuperou logo em seguida.

“Nos últimos dois anos e meio até meados do ano passado, a volatilidade vinha caindo muito e se comparava à das small-caps”, disse Spencer Bogart, responsável por pesquisa da Blockchain Capital, se referindo às ações de empresas de pequeno valor de mercado. “Um dos principais vetores é a negociação de bitcoins com outras moedas virtuais e quando ocorrem essas grandes disparadas, aumenta a chance de uma grande queda.”

Os mercados de metais preciosos têm apresentado pouca volatilidade recentemente, ajudando a bitcoin a superar o índice das mineradoras. O CBOE/COMEX Gold Volatility Index recuou 25
por cento neste ano, atingindo o menor nível da história no mês passado. Ainda assim, JDST e JNUG são o terceiro e quarto ETFs mais voláteis entre 2.000 disponíveis nos EUA.

Os mercados financeiros costumam relacionar ouro e moedas virtuais por serem alternativas ao dinheiro vivo. Porém, o metal precioso é usado desta forma há séculos e é geralmente mais estável do que a bitcoin, que surgiu em 2009.

“A ideia ampla é que houve aumento da aceitação de bitcoins entre vários grupos de investidores”, disse Bogart. “A volatilidade pode estar afastando investidores maiores tradicionais que podem nem chegar perto.’”

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