Pais chineses investem pesado em ensino voltado à tecnologia

Por Lulu Yilun Chen.

Tudo começa com a ideia de que as crianças precisam ser capacitadas desde cedo para superarem a mão de obra robótica. A partir daí, os custos só aumentam — US$ 3.000 por ano de custos com ensino, US$ 350 por um conjunto robótico de Lego e US$ 7.300 para testar as habilidades de engenharia recém-adquiridas em uma competição nos EUA.

É isso que Zhuo Yu está gastando com seu filho de 10 anos na chamada educação STEM na China — um tipo de ensino baseado em problemas que combina conhecimentos em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, campos cujas iniciais em inglês formam a sigla. O conceito criado nos EUA agora está virando mania na China, onde cerca de 10 milhões de estudantes estão sendo submetidos precocemente a esse tipo de educação.

O número deverá subir para 50 milhões até 2020 à medida que os pais buscarem proporcionar aos filhos uma vantagem inicial em termos de codificação de computadores e robótica, segundo a consultoria JMD Education. A empresa prevê que a demanda criará um setor de aprendizado de STEM de US$ 15 bilhões na China, que já atraiu empresas como a editora de livros didáticos Pearson, a Lego e a Sony.

“Meu orçamento não tem limite”, disse Zhuo, que trabalha na indústria on-line em Hangzhou, cidade localizada no leste do país. “Sim, estou investindo bastante no ensino de robótica agora, mas é preciso ter uma perspectiva de longo prazo e avaliar as oportunidades que ele terá quando tiver 18 anos.”

O filho dela, Wang Yizhuo, ingressará em um dos mercados de trabalho mais concorridos do planeta quando terminar a faculdade. Em 2030, a China deverá ter até 200 milhões de formados na universidade — número maior do que toda a mão de obra dos EUA. E atualmente 40 por cento dos estudantes de nível superior da China obtêm qualificação STEM, contra menos de 20 por cento nos EUA e na França.

A angústia em relação aos empregos futuros ajudou a criar pelo menos 500 instituições ou startups na China que oferecem ensino extracurricular de codificação, robótica e impressão 3D, segundo Wen Jing, pesquisador da JMD Education, uma empresa com sede em Pequim. Trata-se de um setor com pouca regulação ou supervisão.

Por causa disso, os pais muitas vezes precisam navegar por um mar de escolhas — de provedores legítimos a golpistas –, disse Xiao Dun, cofundador da plataforma de ensino on-line17zuoye.com, com sede em Pequim, que está lançando cursos de Minecraft e da Sony Global Education na China.

“Até mesmo empresas que dão aulas sobre como procurar minhocas vão te dizer que oferecem ensino STEM porque, de repente, trata-se de uma aula relacionada à biologia”, disse Xiao. “As pessoas acham que essa é a grande novidade e há muitos pais ricos dispostos a gastar com os filhos.”

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