Por Javiera Quiroga.
Precisa filmar um manto de gelo, as areias douradas de uma praia, vulcões cobertos de neve ou uma paisagem lunar? Então o Chile tem uma oferta para você.
A partir de 14 de agosto, qualquer pessoa que investir mais de US$ 2 milhões na produção de filmes no Chile receberá 30 por cento do investimento de volta do governo, disse Joyce Zylberberg, diretora da Film Commission Chile. É uma tentativa de aproveitar a geografia única do país para atrair investimentos.
Uma faixa de terra de mais de 8.000 quilômetros que vai da Antártida até o deserto mais seco do mundo, passando por florestas montanhosas, por vinhas e pela pampa: o Chile tem de tudo. No entanto, o país não conseguiu atrair grandes produções até agora. Até mesmo metade do filme “Os 33”, sobre os mineiros que sobreviveram milagrosamente após 69 dias presos sob a superfície no Chile, foi filmada na Colômbia.
“Nós poderíamos ter filmado tudo no Chile, mas era caro demais”, disse Juan de Dios Larraín, produtor de serviços do filme e produtor de outros títulos, como “Jackie”. “O Chile tem oportunidades em todos os níveis para se tornar um centro de locações, para competir com países de alto nível, e este é um bom momento para provar isso.”
A Colômbia aprovou uma lei de cinema em 2012 que permite que os cineastas obtenham até 40 por cento de seu investimento de volta do governo. Até 2016, esse subsídio havia atraído 16 projetos no valor de US$ 27 milhões para o país latino-americano.
“Temos uma enorme lista de produções interessadas”, disse Zylberberg em uma entrevista em Santiago. “Este pode ser o catalisador que irá catapultar o Chile às altas categorias.”
Crescimento publicitário
O Chile está tentando abocanhar uma fatia de um bolo muito grande. A receita global de bilheteria foi de cerca de US$ 38,6 bilhões em 2016, de acordo com a Motion Picture Association of America, e a receita total de TV e vídeo chegou a cerca de US$ 286 bilhões no ano anterior.
Mais de 150 produções internacionais são filmadas por ano no país, principalmente dos EUA, da Europa e da América Latina. A grande maioria é de comerciais, e muitos deles são de empresas de automóveis.
“Não me lembro de uma empresa de automóveis que não tenha filmado um comercial aqui”, disse Zylberberg, destacando a vantagem de o país ter o ATA Carnet, um documento alfandegário internacional que autoriza a isenção de impostos para a importação e a exportação temporárias de bens por até um ano.
As exportações chilenas de serviços audiovisuais cresceram 33 por cento de 2010 a 2014, para US$ 31,7 milhões, de acordo com dados do Ministério da Cultura. Anualmente, a indústria audiovisual gera US$ 34,5 milhões.
“O Chile tem tudo para se tornar um paraíso de locações e serviços para este setor”, disse Zylberberg. “Estes novos incentivos são fundamentais para dar o próximo passo.”
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