Países de fora da zona do euro temem reflexo bancário do Brexit

Por Bloomberg News.

A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia reduzirá a capacidade dos membros restantes do bloco que não adotaram o euro como moeda em definir a regulamentação financeira, segundo o órgão regulador do sistema bancário da Dinamarca.

“Perdemos um peso-pesado do nosso time”, disse Jesper Berg, diretor-geral da Autoridade de Supervisão Financeira em Copenhague. “Eles sempre ofereceram uma liderança intelectual e têm contato próximo com um mercado financeiro enorme que os ajuda a oferecer essa liderança. Isso é algo que perderemos”.

Com a saída do Reino Unido — que instantaneamente desencadeou a renúncia do chefe de serviços financeiros da UE, Jonathan Hill –, o número de países com moeda própria cai para oito. Os bancos da zona do euro, formada por 19 países, são submetidos à supervisão do Banco Central Europeu e formam uma união bancária na qual outros países têm liberdade para entrar.

Até o momento, todos os países da UE que não fazem parte do clube do euro preferem ficar de fora da jurisdição direta do BCE, apesar de seu alcance se estender além da união monetária comum, devido, em parte, à busca por um conjunto de regras comum para as instituições financeiras que estão sob o amparo da Autoridade Bancária Europeia.

Fundo de resolução

A Dinamarca adotou a abordagem de esperar para ver em relação ao ingresso à união bancária. Seus bancos não querem contribuir para um fundo comum de resolução que temem que seria usado para ajudar bancos com problemas do sul da Europa.

O BCE também quer eliminar as mais de 150 exceções aos requisitos de capital uniformes adotados pelos países, um passo em direção à padronização que, segundo Berg, não necessariamente beneficiará os países de fora da zona do euro.

“Dentro da zona do euro, partindo do centro, existe uma tentativa, que é compreensível, de remover o poder discricionário nacional e harmonizar, porque é difícil supervisionar diferentes padrões nacionais”, disse Berg. “Como essa política também influencia as autoridades da UE, isso representará alguns desafios para nós”.

Lorde Hill

O maior banco da Dinamarca, o Danske Bank, diz que a saída britânica — e especialmente a renúncia de Hill — provavelmente significará a “perda de um apoio essencial”. Ainda não se conhecem as posições do substituto de Hill, Valdis Dombrovskis, segundo Jan Oestergaard, analista do Danske.

O ponto forte de Hill era a disposição de analisar as evidências antes de impor as regras transmitidas pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia, disse Karsten Beltoft, chefe da Federação Dinamarquesa de Bancos Hipotecários.

O esforço por uma integração maior dos mercados de ‘covered bonds’, títulos de dívida com lastro em crédito imobiliário, gera uma preocupação particular. O mercado de ‘covered bonds’ da Dinamarca, de US$ 420 bilhões, o maior do mundo, financia virtualmente todas as transações imobiliárias do país e é parte integrante do sistema financeiro do país, respondendo pela maior parte das reservas de liquidez bancária. Parlamentares dinamarqueses dizem que se oporão a qualquer movimento da UE que cause distúrbios no sistema.

Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.

Agende uma demo.