Países ricos precisam acabar com usinas a carvão até 2030 para proteger o clima

Por Jessica Shankleman.

Os países ricos precisam fechar todas as usinas movidas a carvão até 2030 para que haja uma chance de o aquecimento global ser contido em níveis toleráveis. A conclusão foi apresentada no relatório de um grupo de pesquisa ambiental.

A China precisa eliminar gradualmente o uso do combustível fóssil mais poluente até 2040 e o resto do mundo até 2050, de acordo com o relatório da Climate Analytics, uma entidade sem fins lucrativos sediada em Berlim que estuda como os países podem cumprir as metas acertadas no âmbito da Organização das Nações Unidas em Paris, no ano passado.

As conclusões do relatório divulgado na segunda-feira ilustram as dificuldades para o mundo atingir a meta da ONU de manter o aquecimento global bem abaixo de 2 graus Celsius. Existem ao todo 8.175 usinas movidas a carvão e outras 733 estão sendo construídas ao redor do planeta. Representantes enviados por mais de 190 nações se reúnem nesta semana e na semana que vem em Marrakesh, no Marrocos, para discutir como avançar as metas ambiciosas acordadas em Paris.

“Fechar as unidades de carvão existentes e evitar a construção de novas unidades é absolutamente essencial para evitar os impactos devastadores em termos do clima e da poluição do ar”, disse Jennifer Morgan, diretora-executiva do Greenpeace International.

A poluição gerada por usinas a carvão pode criar 2,5 vezes mais emissões de dióxido de carbono do que o contemplado em cenários consistentes com um aquecimento de 2 graus, afirmou o relatório.

Se as usinas movidas a carvão continuarem funcionando, o mundo então precisará usar tecnologias de redução de carbono, como captura e armazenamento do elemento. Alguns cientistas sugeriram a necessidade de geoengenharia para alterar o clima, como o despejo de nutrientes nos oceanos e a disseminação de minúsculas partículas na atmosfera para refletir os raios solares de volta para o espaço. Tais propostas foram criticadas devido às consequências imprevisíveis para os ecossistemas globais.

O encontro em Marrakesh foi ofuscado pela vitória de Donald Trump à Casa Branca. O presidente eleito declarou que a mudança climática é uma farsa dos chineses e prometeu retirar os EUA do acordo de Paris e estimular a produção e as operações movidas a carvão.

Talvez Trump não consiga reverter a decadência do carvão como combustível gerador de eletricidade, uma vez que o gás natural é mais barato e tirou participação do carvão na matriz energética.

“Embora a eleição nos EUA tenha criado impulso de curto prazo favorável para a indústria de carvão, a perspectiva de médio e longo prazo aponta para continuidade do declínio”, disse Tom Sanzillo, diretor financeiro do instituto de pesquisa ambiental Institute for Energy Economics and Financial Analysis, sediado em Cleveland, no Estado de Ohio.

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