"Pandemonium" do minério afetará preço e spreads, diz RBC

Por Krystal Chia.
Investidores em minério de ferro, atenção. Os preços cairão para menos de US$ 50 por tonelada até o fim do ano devido à desaceleração do crescimento no maior usuário, a China, antes de uma recuperação em 2019, segundo o RBC Capital Markets, cuja previsão com jeito de montanha-russa contrasta com as visões dos rivais.O minério de referência registrará uma média de US$ 50 por tonelada neste trimestre e de US$ 47,50 nos últimos três meses do ano, depois se recuperará para US$ 70 no ano que vem, disseram os analistas, incluindo Tyler Broda, em entrevista e em uma nota recente. O último preço do minério à vista foi de US$ 68,35 e a média é de cerca de US$ 65 desde o início de julho, segundo o Mysteel.com.“O minério de ferro está em uma posição estrutural cada vez mais positiva, mas com a desaceleração da economia chinesa, as margens menores do aço podem causar um ’pandemonium’ a curto prazo”, disse Broda na entrevista, fazendo um jogo de palavras na perspectiva do RBC usando o nome da capital do inferno em Paraíso Perdido, de John Milton, e os famosos mamíferos chineses que se alimentam de bambu.

Nos últimos meses, o minério de ferro se sustentou melhor do que outras commodities, como o cobre, em um momento em que os investidores avaliam as tensões no comércio global, o dólar mais forte e a preocupação com a possível desaceleração do crescimento da China. O apoio à matéria-prima veio quando os preços do aço atingiram os maiores patamares em seis anos devido às restrições de oferta na parte continental do país e as autoridades chinesas buscaram compensar o impacto da disputa comercial com os EUA reforçando a economia com medidas como investimentos em infraestrutura.

‘Sob pressão’

Ainda assim, esses projetos levarão tempo para afetar “o sistema que já está sob pressão segundo uma perspectiva financeira”, disse Broda, de Londres, acrescentando que o aumento das taxas de juros dos EUA e o enfraquecimento do yuan afetarão a capacidade das autoridades de reagir. “Mesmo com uma mudança em direção a um gasto maior em infraestrutura, o lado negativo desse ambiente ainda supera isso.”

Embutido na perspectiva do RBC para os preços de referência mais baixos no fim do ano há uma projeção de diferenças (spreads) menores entre o material padrão e o de maior qualidade. A diferença entre os dois, que subiu para US$ 30 por tonelada, agora deve cair para cerca de US$ 15 no trimestre final, disse Broda.

A China tem emitido sinais difusos a respeito de como lidará com a guerra comercial e com outros riscos. Apesar de o Politburo ter sinalizado no mês passado que as autoridades se concentrarão mais no apoio ao crescimento em meio ao impasse com os EUA, o banco central afirmou que não realizará nenhum estímulo “forte” e que não usará o yuan como ferramenta. O Banco Popular da China não implementará estímulos no estilo “irrigação por inundação”, segundo relatório trimestral de políticas, na sexta-feira.

As expectativas do RBC para um cenário de desmaio seguido de recuperação contrastam com as visões de outros bancos. Um deles, o Australia & New Zealand Banking Group, projetou que as medidas de estímulo ao crescimento da China levarão o minério de ferro em direção a US$ 70 neste semestre.

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