Para CEO da Nike, as mulheres são o segredo para chegar a US$ 50 bi em vendas

Por Matt Townsend.

O CEO da Nike Inc., Mark Parker, está contando com o aumento das vendas a mulheres para a empresa chegar a US$ 50 bilhões em receita em 2020.

A maior empresa de artigos esportivos do mundo disse que a receita da sua divisão feminina vai dobrar dentro de cinco anos, para US$ 11 bilhões, e que as vendas on-line vão se multiplicar por sete, para US$ 7 bilhões, em uma apresentação para analistas na quarta-feira. A projeção da receita total da empresa implica uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 10,3 por cento. As vendas aumentaram 10,1 por cento no ano fiscal finalizado em 31 de março e 9,8 por cento no ano fiscal anterior.

“Não consideramos que se trate de uma tendência fitness para as mulheres – ou seja, algo de curto prazo, como uma tendência da moda –, nós consideramos que essa é uma mudança de estilo de vida”, disse Parker durante uma entrevista com Stephanie Ruhle, da Bloomberg Television. “As roupas esportivas chegaram para ficar durante muitos anos”.

A Nike também disse que os lucros por ação cresceriam a um valor a meio caminho entre 13 por cento e 19 por cento até 2020 à medida que expande a lucratividade aumentando os preços, reduzindo o desperdício na fabricação e cortando custos trabalhistas.

“A chave para este crescimento é uma mudança significativa” para mais vendas através de lojas próprias e on-line, disse Michael Binetti, analista do UBS AG, em uma nota de pesquisa na quinta-feira. Binetti, que recomenda a compra de ações da Nike, elevou seu preço-alvo de 12 meses para US$ 140.

As previsões dão continuidade à prática da Nike de traçar projeções ambiciosas no Dia do Investidor, que a empresa realiza a cada dois anos. Em 2013 a companhia disse que as vendas anuais chegariam a US$ 36 bilhões até 2017, o que significava uma taxa de crescimento de 9,2 por cento. Os analistas, em média, esperam que a receita chegue a US$ 35,6 bilhões em 2017.

Grandes expectativas

“As expectativas já eram muito grandes”, disse Brian Yarbrough, analista da Edward Jones, em uma mensagem enviada por e-mail. Muitos analistas já estimavam esse ritmo de crescimento e a ação também está sendo negociada com uma avaliação maior do que as normas históricas, disse ele.

A Nike vem subindo desde a recessão internacional e suas ações triplicaram. Entre seus sucessos, a empresa conquistou a cota de mercado da Adidas AG no futebol e aumentou sua presença na China e na América do Sul. A empresa também se beneficiou com a transição da moda para um estilo mais atlético e informal. A tendência conhecida como “athleisure” deu popularidade a calças de moletom elegantes e incrementou as perspectivas para todo o setor – da rede de roupas de ioga Lululemon Athletica Inc. à loja de tênis Foot Locker Inc.

A Nike espera que as vendas da divisão feminina cresçam dos atuais US$ 5,7 bilhões para mais de US$ 11 bilhões até 2020. Esse aumento incluirá a venda de mais roupas e calçados relacionados com o basquete através da marca Jordan, que até agora estava voltada ao público masculino, disse Parker. A empresa também impulsionará os ganhos com a abertura de 1.000 lojas direcionadas ao público feminino nos próximos cinco anos.

Impressão 3D

A Nike também anunciou a criação de um laboratório de inovações de mais de 11.612 metros quadrados focado em novos processos de fabricação, como a impressão 3D. A empresa vem há algum tempo falando em repensar a fabricação de calçados. Incrementando a automação da produção seria possível transferir parte da fabricação para a Ásia. A Nike estabeleceu igualmente uma parceria com a DreamWorks Animation SKG para ajudar a construir um sistema de design de produção tridimensional.

A empresa está passando por uma transição administrativa. Phil Knight, um dos fundadores, sairá do conselho no ano que vem. Knight, que fundou a companhia em 1964 aos 26 anos, recomendou que Parker, que dedicou toda sua carreira à Nike, seja seu substituto na presidência do conselho.

Nos últimos anos, Parker vendeu unidades, como Umbro e Cole Haan, para a companhia dedicar mais recursos à marca Nike. Essa estratégia rendeu frutos, pois sua linha homônima só se fortaleceu.

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