Por Marvin G. Perez.
Os produtores de café de todo o mundo estão tendo dificuldades para fazer frente às despesas porque os preços subiram pouco nos últimos 35 anos quando contabilizada a inflação, disse Roberto Vélez, CEO da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia.
Em 1982, o preço de referência da Organização Internacional do Café para o café arábica ficou em US$ 1,20 a US$ 1,40 a libra-peso. Atualmente, esses valores corresponderiam a US$ 3 a US$ 3,50 após a aplicação da taxa de inflação dos EUA, disse Vélez. Mas na ICE Futures U.S. em Nova York, os grãos eram negociados a uma média de US$ 1,3867 a libra-peso em 1982 e a US$ 1,3747 no ano passado.
Na Colômbia, devido ao lento crescimento dos preços, as gerações mais jovens relutam em seguir o caminho dos pais nas plantações. A idade média de um cafeicultor no terceiro maior produtor mundial é de 57 anos e está cada vez mais difícil atrair mão de obra durante a colheita. A renda diária média de um selecionador de café é de cerca de US$ 20 por dia, disse Vélez, em entrevista em Nova York, nesta semana.
Os trabalhadores mais jovens são sofisticados e os produtores precisam usar diversos tipos de artifícios para atrair mão de obra, como oferecer wi-fi, disse Juan Esteban Orduz, presidente da Federação para os EUA, na mesma entrevista.
Aumentos salariais
Os aumentos do preço nominal não ajudam os produtores, que precisam elevar os salários dos trabalhadores anualmente segundo as exigências do governo em países como Colômbia e Costa Rica. O segundo tem visto uma queda nas plantações e na produção à medida que sua economia se diversifica para o turismo e o desenvolvimento imobiliário. A Costa Rica era uma das maiores fornecedoras do Starbucks, que tem uma fazenda lá. A Colômbia é a maior fornecedora de grãos arábica suaves lavados, a variedade preferida da rede com sede em Seattle, EUA.
A estagnação do preço do café está tornando a safra menos atraente para produtores de todo o globo, como Costa Rica, El Salvador e México, país onde a produção despencou nos últimos anos e que, por isso, se transformou em importador líquido.
“Se não fosse pelo rendimento maior do Brasil nos últimos anos” a produção mundial seria ainda menor que a demanda, que, pela estimativa do Departamento da Agricultura dos EUA, deverá atingir um recorde, disse Vélez.
A produção colombiana vem aumentando nos últimos anos depois que um programa de renovação agrícola com variedades resistentes a doenças diminuiu a idade média das plantas, reduziu os prejuízos com pestes e ampliou o rendimento, segundo Vélez. A safra deste ano deverá ficar em 14,2 milhões a 14,5 milhões de sacas e pode estar atingindo uma estagnação, disse ele. Cada saca de café pesa 60 quilos.
O efeito do preço relativamente fraco tem sido parcialmente compensado pelos produtores colombianos devido ao peso mais fraco, que caiu 38 por cento em relação ao dólar nos últimos quatro anos, aumentando o rendimento na moeda local, disse Vélez.
A federação organizará o primeiro Fórum Mundial de Produtores de Café em Medellín, na Colômbia, em julho, no qual serão discutidos a estagnação dos preços e outros desafios do setor, como os efeitos da mudança climática.
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