Por Paula Sambo e Fabiola Moura, com a colaboração de Ricardo Ishida.
Os credores forçaram a maior companhia aérea do Brasil a retomar os cálculos quando rejeitaram sua oferta de reestruturação da dívida, no mês passado.
A última proposta da empresa, pedindo que os credores aceitem perdas de até 55 por cento no valor devido, pode ser o melhor negócio que eles podem obter.
A Gol Linhas Aéreas Inteligentes se empenha para manter em dia os compromissos da dívida de US$ 780 milhões enquanto a pior recessão do Brasil em um século reduz a demanda por viagens aéreas. Na sua oferta inicial, em 3 de maio, a empresa propôs aos credores um abatimento de até 70 por cento, rejeitado por eles.
Embora o novo acordo ainda imponha prejuízos significativos, os credores da Gol têm poucas opções, segundo a Torino Capital e a Andbanc Brokerage. A empresa aérea queimou R$ 484 milhões (US$ 143 milhões) de seu caixa no primeiro trimestre. Se eles rejeitarem a última oferta, correm o risco de empurrar a companhia para um pedido de recuperação judicial, o que poderia tornar a recuperação do dinheiro ainda mais difícil.
“Os investidores devem simplesmente aceitar a proposta agora e seguir em frente”, disse Jorge Piedrahita, presidente da Torino Capital, corretora sediada em Nova York. “Estamos em um ponto em que se os credores pressionarem mais, podem arruinar o negócio e terminar com valores ainda mais baixos”.
O diretor financeiro da Gol, Edmar Lopes, disse que espera uma “grande participação” dos credores para o novo acordo. Menos de 20 por cento dos credores aceitaram a primeira proposta.
“Não vamos estender a oferta nem mais um dia depois de 1º de julho”, disse ele. “Esta é a nossa ‘best and final offer’”.
Em comunicado ao mercado, em 20 de junho, a Gol apresentou oferta para que os detentores trocassem seus papéis por notas novas com vencimentos em 2018, 2021 e 2028. O abatimento vai de 27,5 por cento a 55 por cento do valor nominal, contrastando com a proposta original de 30 por cento a 70 por cento, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os novos papéis serão seniores a toda dívida existente e futura da companhia aérea.
Na nova oferta, a Gol também eleva a taxa de juros das notas de 8,5 por cento para 9,5 por cento e oferece prêmios se mais de 60 por cento dos credores concordarem com a troca ou se houver mudança no controle da empresa.
Para Ulisses de Oliveira, da Galloway Capital, que não possui os títulos, a nova oferta não vai longe o bastante.
“A Gol ainda está sendo pouco razoável: nenhum capital está sendo oferecido aos credores e os credores locais não estão assumindo nenhum abatimento”, disse ele. “Os detentores de títulos internacionais estão ficando com a pior parte dessa oferta, que obriga a aceitarem um abatimento ainda profundo”.
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