Para investidores, novo presidente é última esperança do Brasil

Por Ye Xie, Ben Bartenstein e Filipe Pacheco.

A tempestade política que atinge o Brasil neste momento é vista como um sinal de esperança para investidores estrangeiros, que veem uma mudança de governo como a melhor forma de tirar o país da crise.

Ações locais e o real lideraram ganhos globais depois que a nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e mentor da presidente Dilma Rousseff, como ministro aparentemente surtiu efeito contrário ao esperado pelo governo, gerando especulação sobre uma maior probabilidade de impeachment. Com o Congresso paralisado por batalhas políticas, a visão de alguns analistas e investidores é de que é necessária uma nova liderança para acabar com a pior recessão em um século e reverter o déficit fiscal recorde.

“Há muitas outras coisas que precisam acontecer, mas eu acho que os mercados se mostrariam muito positivos em relação a essa mudança, e acho que ainda há alguma tendência de ganhos” para ativos brasileiros, disse Gregory Lesko, gestor de recursos da Deltec Asset Management em Nova York.

Os comentários a seguir foram feitos após o Ibovespa teve o maior avanço desde maio de 2009, enquanto o dólar era negociado perto do patamar mais baixo em em seis meses. O custo para garantir a dívida do país contra o não pagamento no mercado de swaps, ou CDS, teve a maior queda desde 19 de dezembro.

– Amer Bisat, gestor de recursos de mercados emergentes da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo , com US$ 4,6 trilhões.Ele diz que a empresa “começou a se engajar” no Brasil.

“Uma nova mudança, uma completa mudança de paradigma, será muito positiva para uma economia que vive uma recessão severa. A reversão dos desequilíbrios como resultado da estabilidade política será muito positiva. E o Brasil está muito barato. O Brasil tem uma enorme quantidade de valor”.

“É muito difícil para nós ter uma visão política, mas estamos esperando. Quando o cenário político se desenrolar, queremos ver como a economia reagirá a isso”.

– Sean Newman, gestor de recursos em Atlanta da Invesco Advisers, que recomenda a compra de ativos brasileiros. Sua empresa administra US$ 776 bilhões em ativos.

“O legado [do governo atual] certamente será um reflexo de como não administrar uma economia. Será um caso de estudo nas faculdades de negócios nos próximos anos”.

– Bianca Taylor, analista e estrategista de títulos soberanos da Loomis Sayles & Co. em Boston, que ajuda a administrar US$ 229,1 bilhões em ativos, incluindo notas do governo brasileiro.

“O processo de impeachment como um todo poderá ser acelerado. Ficou claro que Dilma e ele [Lula] já não estão pensando no país, e sim neles mesmos. E esta é uma lógica muito perigosa. Eles não parecem estar preocupados com o cenário econômico, mas apenas em sua sobrevivência pessoal”.

“Esse governo não estará aí no fim do ano. Uma mudança drástica poderia acontecer nos próximos dias”.

– Gregory Lesko, gestor de recursos da Deltec Asset Management em Nova York.

“Há um processo complicado de impeachment no Brasil”, disse Lesko. “Claramente a mudança está ocorrendo e isso só pode ser considerado, pelo menos por enquanto, uma boa notícia, porque o país vem sendo administrado de forma bastante negativa para os investimentos”.

“Os juros brasileiros são muito altos, a inflação começou a ceder um pouco. Eu acho que se houver alguma disciplina fiscal o dinheiro virá para o país, os juros poderiam cair e poderíamos até mesmo ver a moeda extrapolar e tornar-se excessivamente forte, porque não há rendimentos em nenhuma outra parte do mundo. Se as pessoas tiverem a confiança de que as dinâmicas entre dívida e PIB se estabilizarão, acho que poderá haver uma quantidade significativa de dinheiro entrando no país, o que fortalecerá a moeda e reduzirá a inflação. Trata-se de um ciclo virtuoso muito positivo. É por isso que o mercado está tão animado com uma mudança”.

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