Para o Fed, aumento de empregos em tempo integral mostra inatividade menor

Por Jeanna Smialek e Steve Matthews.

Na startup GoodWorld, quase metade dos 15 funcionários de meio período com um ano de antiguidade passaram a trabalhar em tempo integral. É exatamente esse tipo de progresso que Janet Yellen quer ver.

“Eles meio que evoluíram para funcionários em tempo integral” à medida que a empresa começou a crescer com a ajuda do fortalecimento da economia americana, disse John Gossart, um dos fundadores e diretor de operações da empresa. A GoodWorld, que permite que os usuários do Facebook e do Twitter realizem doações diretamente a instituições de caridades digitando #donate, captou US$ 1,7 milhão para impulsionar seu esforço de expansão.

A experiência da GoodWorld é um exemplo de uma tendência crescente: um número menor de pessoas está tendo que se contentar com uma carga horária diária que não seja integral. As perspectivas melhores estão reduzindo um dos últimos vestígios de inatividade no mercado de trabalho dos EUA no momento em que Yellen, a presidente do Federal Reserve, e seus colegas debatem se a economia está forte o suficiente para justificar taxas de juros mais elevadas.

O número de americanos que trabalham em meio período por motivos relacionados à economia caiu 447.000 em setembro, em relação ao mês anterior, para 6,04 milhões, menor total desde agosto de 2008, segundo dados do Departamento do Trabalho. Esse nível caiu um pouco mais de 1 milhão ao longo dos últimos 12 meses.

“Trata-se de um dos muitos sinais, e obviamente um dos mais otimistas, dos últimos tempos”, disse Guy Lebas, diretor-gerente da Janney Montgomery Scott LLC na Filadélfia. “Há boas evidências que sugerem que os mercados de trabalho estão relativamente apertados no momento”.

A taxa de subemprego, que captura esses trabalhadores involuntários de meio período e profissionais desencorajados, ou seja, que deixaram de procurar emprego, caiu em setembro ao nível mais baixo em mais de sete anos, de 10 por cento, contra 10,3 por cento em agosto. A taxa teve uma redução de 1,7 ponto percentual nos últimos 12 meses.

A melhora tem sido ainda mais drástica do que a observada na taxa de desemprego tradicional, que não inclui aqueles que deixaram o mercado devido às baixas perspectivas de encontrar um emprego. Essa taxa foi de 5,1 por cento no mês passado, 0,8 por cento a menos que em setembro de 2014.

Taxa de desemprego

Embora a redução do subemprego tenha sido acentuada, a taxa ainda está bastante acima da média de 8,8 por cento dos quatro anos anteriores à recessão, que começou em dezembro de 2007. Em contrapartida, a taxa de desemprego praticamente iguala a média de 5 por cento do mesmo período e está próxima do nível que a maior parte da direção do Fed enxerga como sua tendência de longo prazo.

Em um discurso, em 24 de setembro, antes do lançamento dos últimos dados sobre empregos, Yellen sinalizou sua intenção de tentar empurrar temporariamente o desemprego para modestamente abaixo de sua taxa histórica e, assim, puxar aqueles trabalhadores desencorajados de volta para o mercado e convencer as empresas a transformarem mais empregos de meio período em trabalhos de tempo integral.

Yellen e o Fed continuam colocando “muita ênfase” nos empregos de meio período por motivos econômicos como uma medida de inatividade, disse Omair Sharif, estrategista de vendas e taxas da SG Americas Securities LLC em Nova York. “Ainda não chegamos lá, mas eles precisam se sentir encorajados pela quantidade de avanços que temos visto”.

Lentidão do mercado

O Federal Reserve de Atlanta elaborou um indicador que busca estimar melhor a lentidão do mercado de trabalho. O chamado índice Z-Pop mede a participação da população em idade ativa com emprego em tempo integral, das pessoas que não trabalham a semana inteira por opção ou daquelas que simplesmente não querem trabalhar.

A parcela de pessoas contentes com seu status no mercado de trabalho está subindo, em parte por causa do declínio no trabalho involuntário de meio período. Em setembro, cerca de 92 por cento das pessoas trabalhavam plenamente ou estavam satisfeitas com seu status laboral. Os 8 por cento restantes foram contados como subutilizados.

O índice “é compatível com um aperto do mercado de trabalho”, disse John Robertson, economista do Fed de Atlanta que trabalhou no projeto, por e-mail.

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