Por Mario Sergio Lima.
O mercado aposta que os esforços para tirar a presidente Dilma Rousseff do cargo facilitarão o trabalho do Banco Central para segurar a inflação.
O real se valorizou 13 por cento neste ano, o maior ganho entre as principais moedas, à medida que aumentaram as chances de impeachment de Dilma. A apreciação torna as importações menos caras e assim reduz as estimativas dos analistas para a inflação deste ano e do ano que vem, de acordo com pesquisa do BC. A movimentação política também faz com que o mercado de juros futuros aposte em corte da taxa básica de juros em 1 ponto percentual neste ano.
“Se o real permanecer nos níveis atuais, isso permitiria desinflação mais rápida e ajudaria na tarefa do Banco Central de controlar a inflação”, disse o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall. “As expectativas de inflação já estão caindo por causa desses novos níveis.”
O banco central presidido por Alexandre Tombini não atingiu a meta de inflação no ano passado, quando a crescente crise política impediu que o governo aprovasse medidas necessárias para sanar as finanças e tirar o país da recessão. Investidores acham que a saída de Dilma abrirá caminho para um governo que poderá fazer essas duas coisas. Na segunda-feira, o número de votos a favor do processo de impeachment na comissão especial na Câmara de Deputados foi maior do que o esperado. A Câmara se reunirá no domingo para votar o impeachment.
Na terça-feira, Dilma acusou seu vice, Michel Temer, de tentativa ilegal de
derrubar o governo, ressaltando a animosidade que toma o País dias antes da
votação.
O BC se recusou a comentar expectativas do mercado.
A autoridade monetária elevou a taxa Selic para o maior nível em quase 10 anos de 14,25 por cento para conter a inflação, que desacelerou para 9,39 por cento nos 12 meses até março. A meta do BC é de 4,5 por cento.
“A crise é fiscal e a política tem um papel nisso”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. “Não há nada mais que Tombini possa fazer nesse momento.”
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