Para Pimco, bonds em reais são atraentes porque inflação cairá

Por Juan Pablo Spinetto e Peter Millard.

Os bonds locais do Brasil são uma oportunidade de compra, levando-se em conta a aposta na queda da inflação, depois que as taxas de juros foram elevadas ao nível mais alto dos últimos nove anos, segundo a Pacific Investment Management Co.

Os bonds soberanos emitidos em reais com vencimentos mais curtos, inclusive aqueles para 2017 e 2018, são opções de investimento “atraentes” com base na aposta de que os aumentos inflacionários serão mais moderados no ano que vem, segundo Joachim Fels, conselheiro econômico global da Pimco. A pressão reduzida sobre os preços abrirá espaço para que o Banco Central do Brasil considere uma redução nas taxas de juros que ajudará a impulsionar a maior economia da América Latina, disse ele.

“Estamos bastante próximos do fim do ciclo de aperto”, disse Fels, na sede latino-americana da Pimco, no Rio de Janeiro. “Prevemos uma queda nas taxas de juros no ano que vem, por isso os bonds locais com vencimentos mais curtos são atraentes”.

Apesar de o presidente do BC, Alexandre Tombini, ter reiterado recentemente, em 24 de setembro, que a taxa básica de juros a 14,25 por cento será suficiente para conter uma inflação que mais que duplica a faixa-meta oficial, no mercado de swaps os traders estão prevendo que a autoridade monetária terá que elevar a taxa Selic para 15,75 por cento nas próximas quatro reuniões. O BC considerará um aumento marginal nas taxas de juros se o governo não conseguir reforçar as contas públicas, disse um integrante da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff à Bloomberg News na semana passada.

Embora a depreciação do real possa se aprofundar devido à queda da confiança do investidor, o declínio recente para uma faixa entre R$ 3,90 e R$ 4,00 por dólar levou a moeda em direção a um valor justo, disse Fels.

“As moedas tendem a se exceder e o real poderá se exceder ainda mais”, disse Fels. “A depreciação cambial é parte da solução, desde que não seja excessiva, desde que não leve à perda da confiança”.

Não faz sentido que o BC venda os dólares de suas reservas internacionais para escorar o real, exceto se o movimento for acompanhado de um aumento na taxa de juros ou de um ajuste fiscal, disse ele. A desvalorização de 32 por cento do real frente ao dólar neste ano terá um impacto limitado sobre a inflação porque a demanda é restringida pela recessão atual, disse ele. Cada 10 por cento de desvalorização monetária aumenta a inflação em 0,3 ponto porcentual, disse Fels.

A Pimco, que possui bonds da Petrobras, a companhia petrolífera estatal envolvida em um amplo escândalo de corrupção, estima que os preços do petróleo subirão para mais de US$ 60 por barril nos próximos 12 meses com base na queda da oferta nos EUA, o que ajudará o Brasil e outros mercados emergentes, disse Fels.

“No momento estamos vendo uma reação no lado da oferta, por isso a oferta está sendo fechada”, disse Fels. “Isso é antieconômico em muitos casos”.

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