Para suíço triatleta, Ph.D. e CEO de banco, três idiomas é pouco

Por Andy Hoffman.

Quando Patrik Gisel se preparava para assumir o comando da maior rede de banco de varejo da Suíça, o triatleta com Ph.D. em Economia dominava três idiomas: inglês, alemão e francês.

Não era suficiente.

Gisel, 53, quis aprimorar seu italiano, principal idioma de cerca de 8 por cento da população do país alpino, antes de assumir o cargo de CEO do Raiffeisen Schweiz em outubro. Ele se matriculou na Boa Lingua, uma agência de idiomas que mandou Gisel a um antigo spa romano a 80 quilômetros ao leste de Florença. Durante três semanas, ele estudou italiano de manhã e treinou suas habilidades triatletas de tarde, antes de praticar conversação nos restaurantes e bares de vinho de Bagno di Romagna.

“Falar o idioma local é uma vantagem incontestável”, disse Gisel em uma entrevista em inglês em Zurique, cidade onde se fala alemão-suíço, dois meses antes de se tornar CEO. “Somos um grupo de bancos locais, então deveríamos nos comportar como locais”.

O italiano é falado principalmente no cantão suíço de Ticino, onde o banco com sede em São Galo tem quase um quarto de seu mercado hipotecário.

Com quatro idiomas nacionais, incluindo o romanche, um dialeto falado por cerca de 35.000 pessoas na região montanhosa do leste do país, líderes empresariais e instituições governamentais e financeiras da Suíça enfrentam um desafio único entre os principais países industrializados. Quase 64 por cento dos 8,2 milhões de habitantes da Suíça fala alemão, e cerca de 23 por cento fala francês, mostram as estatísticas federais.

Outros idiomas

Esse panorama está ficando mais complicado com o crescimento de outros idiomas, falados por quase 1,8 milhão de residentes da Suíça em 2013. Algumas pessoas especificam mais de um idioma principal, o que para alguns significa inglês, português ou albanês – falados por 4,4 por cento, 3,4 por cento e 3,1 por cento da população, respectivamente.

Essa realidade cria um campo minado para o pequeno exército de intérpretes empregado pelo banco central da Suíça. Cada palavra dos comunicados emitidos pelo Banco Nacional Suíço (SNB) será meticulosamente analisada por traders, banqueiros e executivos dispostos a prever o direcionamento das taxas de juros e da política monetária. Os comunicados precisam ser publicados simultaneamente em alemão, francês e inglês, e as traduções são feitas por uma equipe do SNB composta por 15 membros. Alguns comunicados também aparecem em italiano.

“Os mercados são destinatários importantes dos comunicados do SNB, então cada palavra deve ser precisa e correta, inclusive nos textos traduzidos”, disse a porta-voz Silvia Oppliger em uma resposta a perguntas enviada por e-mail. “Honramos nossa tradição multi-idiomática”.

‘Vantagem real’

Vários meses depois de seu programa intensivo, Gisel diz que seu italiano poderia estar melhor e lamenta não conseguir praticar o suficiente. No entanto, ele pretende aperfeiçoar suas habilidades durante estadias em um apartamento que comprou recentemente em Ticino e admite que a herança linguística da Suíça é um componente essencial para o sucesso executivo.

Gisel ficou impressionado com Tidjane Thiam, natural da Costa do Marfim, que conversa em alemão, francês e inglês desde que assumiu o cargo de CEO do Credit Suisse Group AG em julho. Thiam substituiu Brady Dougan, dos EUA, que fala um pouco de francês e japonês e disse ter se arrependido de não ter aprendido mais alemão.

“O alemão dele é muito bom”, disse Gisel, referindo-se a Thiam. “Essa será uma vantagem real para ele”.

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