Por Fabio Benedetti-Valentini e Marie Mawad.
Após passar anos correndo atrás de Londres na geração de startups de tecnologia financeira, Paris fez uma demonstração de força nesta semana no intuito de provar que a capital francesa pode acompanhar o ritmo, com mais de 1.500 banqueiros, investidores e empreendedores reunidos.
O Fórum de Tecnologia Financeira de Paris foi realizado quarta-feira e quinta-feira no edifício da antiga bolsa, que se parece com um templo, e teve um público três vezes maior que o do ano passado. Como o Brexit é visto como uma oportunidade para que Paris melhore seu nível, executivos do Société Générale, da seguradora Axa e do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, da Espanha, entre outros, compareceram para falar sobre o potencial na França.
Além de ser o centro bancário e financeiro da Europa, Londres também é o epicentro do financiamento de tecnologia financeira da região. As startups de Paris neste segmento, assim como em outros setores de tecnologia, enfrentaram falta de financiamento nos últimos anos e um ambiente de negócios mais restritivo de modo geral.
“Quem teria imaginado alguns anos atrás que o representante de um banco central faria uma palestra em um fórum sobre inovação?”, disse o presidente do Banco da França, François Villeroy de Galhau. “Para bancos e seguradoras, a revolução digital está perturbando o modelo tradicional de relacionamento com o cliente” e “decisões difíceis vêm pela frente”.
Pressão
Para os bancos franceses, uma rentabilidade relativamente alta ajudou a evitar as reduções de custos mais profundas, como as realizadas pelo UniCredit e pelo Deutsche Bank. Contudo, a receita continua sob pressão, em parte porque novas tecnologias estão criando alternativas mais baratas para os clientes. Como no mês que vem entra em vigência uma lei francesa que tornará mais fácil que os clientes troquem de banco no mês que vem, o BNP Paribas, o Crédit Agricole e o Société Générale deram prioridade ao aumento do investimento digital.
“As grandes empresas desejam aumentar os investimentos, e isso poderia acelerar uma tendência que já é positiva” para as empresas de tecnologia financeira, disse Julien Maldonato, diretor do setor financeiro da Deloitte em Paris. As startups de tecnologia financeira captaram 155 milhões de euros na França no ano passado, frente a 135 milhões de euros no ano anterior, disse ele.
As principais empresas financeiras da França precisam adotar a inovação porque cada vez mais clientes recorrem a smartphones para realizar transações bancárias. Em 2016, somente 20 por cento deles foi ao banco mais de uma vez por mês, frente a 62 por cento em 2007, segundo uma pesquisa da BVA para a Federação Bancária Francesa.
Financiamento
Embora startups como KissKissBankBank, Lendix e Compte Nickel sejam algumas das empresas francesas de tecnologia financeira mais famosas presentes na conferência em busca de negócios, falta muito para que Paris acompanhe o ritmo em termo de financiamento de risco. Apenas 3 por cento das empresas de tecnologia financeira que participaram da conferência captaram mais de 100 milhões de euros (US$ 107 milhões). O Fórum de Tecnologia Financeira de Paris selecionou 125 empresas do ramo de 26 países. Somente um terço delas é da França.
“Espera-se que Paris possa conquistar mais oportunidades no setor bancário em geral”, mas a concorrência em tecnologia financeira é “muito internacional”, disse o diretor de inovação da ING Groep, Ignacio Juliá Vilar, em uma entrevista.
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