Por Suzi Ring
Paris ultrapassou Londres como cidade europeia mais atrativa para os investidores pela primeira vez em mais de uma década em um momento em que o medo do Brexit começa a afetar a capital britânica, aponta relatório.
A cidade francesa foi escolhida em primeiro lugar para investimento estrangeiro direto por 37 por cento das empresas em um relatório da Ernst & Young publicado na segunda-feira. A saída do Reino Unido da União Europeia e a eleição do presidente francês Emmanuel Macron foram algumas das razões pelas quais Paris destronou Londres pela primeira vez desde o início das pesquisas da EY, em 2003. Londres ficou em segundo lugar, à frente de Berlim e Frankfurt.
O relatório, baseado em uma pesquisa com 502 empresas e em dados da EY e da International Business Machines, mostrou que o IED na Europa cresceu 10 por cento no ano passado, menor nível desde 2013. Apesar de o Reino Unido liderar as tabelas da liga, com 1.205 dos 6.653 novos projetos de IED, o número foi apenas 6 por cento superior ao de 2016, o que mostra uma desaceleração do crescimento. A França conquistou 31 por cento mais investimentos em 2017 e na Turquia os projetos aumentaram 66 por cento.
“Trabalhamos incansavelmente para tirar Londres do estancamento dos anos 1990 e colocá-la no posto de melhor cidade do mundo para os negócios”, disse Jasmine Whitbread, CEO da London First. “Esse resultado precisa servir de alerta para que redobremos os esforços para manter nossa capital no topo dos gráficos globais.”
O Brexit foi um dos quatro principais riscos que afetaram o sentimento dos investidores da Europa em 2017, segundo o relatório. As maiores preocupações foram a instabilidade geopolítica, como as recentes tarifas dos EUA ao aço e ao alumínio da região e o crescimento do sentimento populista. O Reino Unido, a Alemanha e a França foram os países mais atraentes, no geral, para o investimento estrangeiro.
Menos sedes
Um dos principais impactos relacionados ao Brexit foi a redução do número de empresas que estabeleceram ou realocaram suas sedes no Reino Unido no ano passado. Em 2016, 51 por cento das novas sedes na Europa foram fixadas no Reino Unido e apenas 26 por cento das companhias escolheram o país para sua principal unidade em 2017.
Várias empresas estudam transferir sedes e escritórios para a Europa em resposta à decisão do Reino Unido de abandonar tanto o mercado único quanto a união aduaneira após o Brexit. Diante da perspectiva de divergências regulatórias e tarifas, as empresas estão tentando reforçar suas bases em ambos os lados do Canal da Mancha para não serem pegas de surpresa.
Apesar de a Holanda ter sido escolhida por uma série de entidades como base pós-Brexit, entre elas a Agência Europeia de Medicamentos, as chegadas de investimentos caíram 17 por cento no ano passado. Um dos motivos pode ser os salários cada vez maiores, de em média 34,80 euros (US$ 40,94) por hora em 2017. Apesar de também estarem subindo em algumas economias da Europa Central e do Leste Europeu, os salários ainda são muito mais baixos na Polônia, 9,40 euros, e na República Checa, 11,30 euros, segundo a Eurostat. O salário médio por hora no Reino Unido em 2017 era de 25,70 euros.
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