Patrocinadores fogem da Fifa a 16 meses da Copa na Rússia

Por Tariq Panja.

Faltando 16 meses para a próxima edição do principal torneio do futebol, os patrocinadores corporativos não estão com pressa para conectar seus nomes à Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

A Fifa, organizadora do torneio, assinou acordo com apenas um parceiro de primeiro nível, a chinesa Wanda Group, desde o último torneio, no Brasil. Apenas o Alfa Bank, que tem sede em Moscou, firmou para ser apoiador regional da Copa do Mundo, status que substituiu o de apoiador nacional como o nível mais barato de patrocínio.

A esta mesma altura no ciclo do torneio do Brasil, quase todos os acordos estavam concluídos, sendo que a maioria havia sido confirmada mais de três anos antes do pontapé inicial do evento. Entre os motivos por trás da relutância das companhias para assinar contrato podem estar o custo de US$ 150 milhões do acordo mais caro e as consequências do escândalo de corrupção de 2015 da Fifa, segundo Andrew Georgiou, CEO da Lagardère, uma das maiores agências esportivas do mundo.

“Acho que problemas de compliance estão afetando as marcas e acho que o preço está afetando as marcas”, disse Georgiou, em entrevista na sede de sua empresa, em Londres. “A Fifa já se recolocou em uma posição na qual as marcas corporativas ocidentais se sentem à vontade para fazer negócios com ela?”

Uma investigação interna sobre irregularidades na federação criada há 112 anos foi concluída pelo escritório de advocacia Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan, de Washington, que apresentará seu relatório à Fifa no mês que vem. Quando isso ocorrer, faltarão três meses para a Rússia organizar a Copa das Confederações, um torneio de aquecimento disputado por oito seleções um ano antes do evento principal.

Metas ambiciosas

Por enquanto, a Fifa, que vende três categorias de patrocínio, tem apenas nove empresas em sua lista para o torneio. O número contrasta com o de 20 do início da Copa do Mundo do Brasil, incluindo duas empresas locais na categoria de patrocínio global à Copa do Mundo, o segundo segmento mais valioso.

A produtora de gás estatal russa Gazprom, uma gigante do setor, se uniu à Fifa como parceira em 2013, e apenas em julho de 2016 o Alfa Bank se somou como primeiro, e por enquanto único, patrocinador regional da história. Os números transformam a meta da Fifa, de ter 14 apoiadores de primeiro e segundo níveis, além de mais 20 patrocinadores regionais de cinco territórios globais, em algo cada vez mais ambicioso. O patrocínio relacionado à Copa do Mundo somou US$ 404 milhões em 2013, segundo dados da Fifa. Esse número caiu para US$ 246 milhões em 2015.

“O processo de vendas está em andamento e novos afiliados comerciais se unirão ao programa de marketing antes da Copa do Mundo da Fifa”, informou a Fifa, em comunicado enviado por e-mail, sem dar mais detalhes.

Há mais problemas pela frente, disse Georgiou. O presidente da FIFA, Gianni Infantino, convenceu os integrantes da federação a expandirem a Copa do Mundo de 32 para 48 seleções a partir da edição de 2026. A expansão poderá diluir a qualidade da competição e tirar valor das eliminatórias, que normalmente duram dois anos, para as emissoras de televisão, disse Georgiou, cuja companhia compra e gerencia direitos de transmissão.

“O valor caiu”, disse ele. “Eu tenho tido a mesma conversa sobre queda de valor na Ásia e na África. O valor cairá de forma generalizada.”

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