Pechinchas não bastam para investidores de mercados emergentes

Por Netty Idayu Ismail.

Há pechinchas por toda parte nos mercados emergentes, mas poucos investidores têm coragem de aproveitá-las.

A PineBridge Investments recomenda que potenciais compradores aguardem. A AMP Capital Investors acredita que a má fase vai durar mais tempo. A Aberdeen Standard Investments teme que os investidores não deem a devida atenção à estabilização do dólar.

Perdas inicialmente centradas na Argentina e Turquia começaram a se espalhar para mercados emergentes mais robustos, aumentando temores em relação a problemas mais amplos. Lidar com ativos de economias em desenvolvimento também ficou mais complicado por causa das oscilações exageradas: de acordo com índices do JPMorgan Chase, a diferença na volatilidade esperada para moedas de nações em desenvolvimento e do Grupo dos Sete chegou ao maior nível desde 2009.

“O sentimento do mercado se deteriorou rapidamente e parece adequado ficar agachado na trincheira por um tempo e não bancar o herói”, disse Anders Faergemann, gestor de fundos da PineBridge em Londres, que supervisiona US$ 87 bilhões. “Ficamos um pouco mais cautelosos no curto prazo e vamos aguardar para ampliar posições em nossas moedas favoritas.”

É essa falta de compradores que sinaliza extensão das perdas, alerta.

Edwin Gutierrez, responsável por dívida soberana de países emergentes da Aberdeen Standard, em Londres.

“Há muitas barganhas por aí, mas ninguém quer agir devido à falta de um catalisador de curto prazo para ganhos”, explicou Gutierrez. “Minha maior preocupação é que o dólar estacionou após a disparada e isso não deu fôlego às moedas emergentes, como achávamos que aconteceria.”.

Os investidores também relutam em tomar decisões por receio que os problemas dos emergentes se espalhem.

Os mercados exibem “os sinais característicos de um círculo vicioso que pode se intensificar” e as bolsas dos EUA não estarão imunes a um contágio, afirmou Nader Naeimi, responsável por mercados dinâmicos da AMP. Somente uma pausa nos acréscimos de juros pelos EUA ou indícios de que as medidas de flexibilização estão sustentando o crescimento na China poderiam parar a “hemorragia”, ele acredita.

Faergemann:

  • A PineBridge prefere as moedas de México e Colômbia, por entender que suas economias estão em “trajetória positiva” e seus bancos centrais têm espaço para flexibilizar a política monetária;
  • Está difícil construir grandes posições agora porque as oscilações de preços “podem ser muito violentas”;
  • A instituição mantém uma visão construtiva da África do Sul ao longo do próximo ano.

Gutierrez:

  • Os investidores devem se concentrar em países onde o contágio foi exagerado e o “risco idiossincrático” não é o fator predominante;
  • Dentro desse raciocínio, ele destaca os títulos em moeda local da Indonésia, que amargaram as maiores perdas na Ásia porque a parcela de investidores estrangeiros que detêm os papéis é relativamente maior;
  • O cenário para o dólar, a economia e a política dos EUA provavelmente será reavaliado após as eleições ao Congresso em novembro, o que poderia ser um catalisador para ganhos nos mercados emergentes.

Naeimi:

  • Seu fundo tem posições vendidas em diversas moedas de países emergentes, incluindo a rupia da Indonésia, que caiu para o menor nível desde a crise financeira asiática, em 1998;
  • Ele também aposta contra a moeda brasileira por causa das eleições e contra as moedas de Rússia, Hungria e México;
  • O gestor está vendendo ações de Taiwan e Coreia do Sul por causa da “elevada sensibilidade” a conflitos no comércio internacional;
  • O setor de tecnologia, que tem representação significativa nesses países, é “um dos temas mais instáveis globalmente”.

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