Por Adam Williams.
Dez meses depois de receber uma isenção especial para importar petróleo bruto dos EUA, o México ainda não recebeu nenhum barril.
Após apresentar uma petição, a Petróleos Mexicanos conseguiu permissão do Departamento de Comércio dos EUA, em outubro, para trocar seu petróleo pesado pelo óleo leve produzido nas formações de xisto. O esforço fazia parte do plano da petroleira estatal de aumentar a qualidade do combustível de suas refinarias e surgiu meses antes de o governo remover todas as proibições às exportações de petróleo dos EUA.
Mas o petróleo não chegou, segundo os últimos relatórios do Departamento do Censo dos EUA e do Ministério de Energia do México. A Pemex diz que não faz sentido, do ponto de vista econômico, importar petróleo dos EUA com os preços atuais. Mesmo que o potencial de lucro melhore, contudo, ainda há dúvidas sobre se a infraestrutura do México seria suficiente para receber as importações e se suas refinarias, que passam por dificuldades, serão capazes de recebê-las. Roberto Montes, gerente operacional de refino da Pemex, disse em entrevista, no ano passado, que não existia a infraestrutura necessária para a importação de petróleo dos EUA por meio de grandes navios-petroleiros.
O objetivo de produzir gasolina e diesel de melhor qualidade misturando o petróleo bruto mexicano e o óleo leve dos EUA esbarra em um obstáculo porque as refinarias da Pemex enfrentam dificuldades devido aos contínuos prejuízos operacionais, ao investimento reduzido e às frequentes interrupções. O México, que solicita importações dos EUA há anos, teve de reduzir 162 bilhões de pesos (US$ 8,7 bilhões) do orçamento da Pemex nos últimos dois anos para suportar a queda do mercado de petróleo, comprometendo a eficiência das unidades que processariam o petróleo importado.
“Eu não me surpreenderia se as refinarias não estivessem em condições de receber os carregamentos”, disse John Padilla, diretor-gerente da IPD Latin America, em entrevista por telefone. “A empresa está em uma crise de liquidez completa, o que significa que cada vez menos dinheiro pode ser dedicado ao refino e ao processamento de petróleo”.
Problemas de refino
Quando a Pemex recebeu uma licença dos EUA, em outubro passado, para importar até 75.000 barris por dia em troca de petróleo mexicano pesado, a petroleira estatal disse que começaria a receber petróleo leve dos EUA para reduzir o conteúdo de enxofre de seu combustível. Mas as seis refinarias do México estão funcionando com cerca de 60 por cento de sua capacidade e tiveram 35 interrupções não programadas no primeiro trimestre, levando o país a ampliar as importações de combustível. As unidades acumularam prejuízos anuais de mais de 100 bilhões de pesos com a queda do refino, no ano passado, para o nível mais baixo desde 1990, pelo menos.
A Pemex disse que reavaliaria as aquisições se as margens potenciais melhorassem e que já conta com a infraestrutura apropriada. As importações foram adiadas porque já não seriam rentáveis, disse a empresa, em resposta por e-mail a perguntas. A petroleira continua usando seu próprio petróleo leve na mistura com o óleo mais pesado, segundo o comunicado.
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