Por Alessandro Speciale e Andre Tartar.
O Banco Central Europeu concedeu aos bancos da zona do euro 233,5 bilhões de euros (US$ 252 bilhões) em sua última oferta de dinheiro grátis no longo prazo. Foi a maior quantia líquida desde o lançamento do programa.
O interesse das instituições financeiras por Operações de Refinanciamento Direcionadas de Longo Prazo (TLTRO, na sigla em inglês, ou empréstimos por quatro anos a uma taxa a partir de zero que pode cair) aumentou, uma vez que a recuperação econômica intensificou a justificativa para o BCE apresentar uma estratégia de saída do programa de estímulo. O total de empréstimos tomados por 474 participantes na última operação agendada se compara a uma estimativa mediana de 110 bilhões de euros apurada em pesquisa da Bloomberg, embora as projeções tenham variado de 30 bilhões a 750 bilhões de euros.
O elevado valor tomado dá ao BCE entendimento das expectativas dos bancos na reta final da onda de estímulos que inclui taxas de juros negativas e 2,28 trilhões de euros em compras de ativos. A sinalização atual da autoridade monetária é de uma pausa significativa entre o fim do programa de compra de títulos (que outra pesquisa da Bloomberg aponta para meados de 2018) e o primeiro acréscimo nos juros. No entanto, alguns integrantes do BCE declararam que o período pode ser mais curto ou a sequência pode ser invertida.
Na quinta-feira, o presidente do BCE, Mario Draghi, indicou que está terminando o prazo para os bancos colocarem a casa em ordem.
“A capacidade do setor bancário de apoiar completamente a recuperação da zona do euro é limitada por sua baixa lucratividade”, afirmou Draghi no relatório anual do braço de supervisão bancária do BCE. “Excessos de capacidade, ineficiências e ativos de legado contribuem para a baixa lucratividade dos bancos. Fica a cargo dos próprios bancos encontrar respostas apropriadas para esses desafios. E para haver uma forte recuperação da zona do euro, eles precisam fazer isso rapidamente.”
Lances dos italianos
Bancos italianos marcaram presença no leilão, aproveitando para garantir financiamento barato. O BPER Banca tomou 4,1 bilhões de euros, segundo um representante. O Banco BPM deu um lance por 3,1 bilhões de euros, segundo um porta-voz. Unione di Banche Italiane, Credito Valtellinese SC e Banca Carige também participaram da rodada, tomando 2,5 bilhões, 1 bilhão e 500 milhões de euros, respectivamente.
O BCE realizou a primeira série de TLTRO em setembro de 2014. Uma segunda série, com condições mais brandas, foi realizada no ano passado. Em termos líquidos, as 12 operações entregaram 834 bilhões de euros a instituições financeiras.
“A demanda por essa operação sempre seria maior do que para a TLTRO-2 anterior por ser a oportunidade final de garantir liquidez barata por quatro anos”, disse o economista Alan McQuaid, da Merrion Capital, em Dublin, antes da colocação. “O aumento das preocupações de que o BCE suba os juros antes do que se pensava tende a proporcionar impulso adicional à demanda.”
A quantia que os bancos podem tomar em empréstimos via TLTRO é vinculada ao tamanho de suas carteiras de empréstimos. Trata-se de uma tentativa de incentivar o crédito a empresas e famílias. Para 70 por cento dos participantes de uma pesquisa da Bloomberg, essa estratégia tem sido bem sucedida.
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