Por Josue Leonel.
A expressiva alta do dólar, de 19% nos últimos 12 meses, não está contaminando os outros ativos brasileiros. O CDS, que mede o custo de seguro contra um calote do país, subiu nos meses recentes, mas está ainda abaixo do nível de um ano atrás, enquanto o Ibovespa acumula alta de 26% no mesmo período.
“A alta do dólar não está sendo acompanhada por um aumento na percepção de risco”, diz Daniel Weeks, economista-chefe da Garde Asset Management. A situação é totalmente diferente da turbulência em 2015, quando o dólar ultrapassou R$ 4,00 e o CDS subiu para acima de 500 pontos em meio a uma falta de confiança na política econômica do governo.
A alta do dólar este ano deve-se principalmente à tendência mundial de fortalecimento da moeda, diante da elevação dos rendimentos dos títulos americanos. A incerteza eleitoral preocupa, mas ainda tem peso limitado e o principal fator doméstico de alta do dólar é o corte nas taxas de juros, como a esperada para o Copom desta quarta-feira.
É uma situação diferente de outros países emergentes, onde os bancos centrais vêm sendo questionados, diz Weeks. No Brasil, o BC foi bem sucedido e tem agora espaço para reduzir juro, apesar da pressão cambial. Tanto na Turquia como a Argentina, cujas moedas vêm liderando as perdas entre as divisas emergentes, os respectivos BCs têm enfrentado dificuldades para conter a inflação.
Apesar das sérias preocupações sobre as perspectivas fiscais do Brasil, os riscos de inadimplência do governo são “relativamente baixos” para os próximos anos, diz Danny Fang, estrategista do BBVA. “Por outro lado, um real mais fraco ajudará a economia brasileira a ser mais competitiva.”
Embora uma combinação de fatores como um dólar muito mais forte no exterior e a incerteza das eleições locais possam impulsionar o câmbio para R$ 4,00 em 2018, este não é o cenário básico com que trabalha o BBVA.
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