Por Netty Idayu Ismail e Filipe Pacheco.
Agosto costuma ser um mês cruel nos mercados emergentes. Por um critério, o deste ano foi o pior da história.
Um índice cambial Bloomberg que acompanha o retorno com operações de carry trade financiadas por posições vendidas em dólar em oito economias emergentes desabou 6 por cento — a maior queda em agosto desde que os dados começaram a ser compilados, em 1999.
A postura agressiva do banco central americano impulsionou o dólar para o maior nível em 14 meses, ao mesmo tempo em que crises cambiais da Turquia à Argentina e a guerra comercial com a China reduzem a demanda por ativos de risco. Entre as moedas de nações em desenvolvimento, lira turca, peso argentino, real e rublo russo foram as mais afetadas, diminuindo o retorno do carry trade — operação na qual investidores que captam dinheiro onde o juro é baixo para comprar ativos de maior rendimento.
Movimentos violentos são frequentes em agosto, quando muitos investidores saem do mercado para aproveitar as férias de verão no Hemisfério Norte. O ritmo de compra e venda de ativos diminui e choques podem causar oscilações exageradas nos preços. Muitas vezes, as autoridades também estão ausentes, não provendo a resposta que investidores esperariam em outras épocas do ano, explicou Richard Segal, analista sênior da Manulife Asset Management, em Londres.
A fraqueza na Turquia contribui para a fraqueza na Argentina e vice-versa, de acordo com Segal. “A atratividade fundamental dos mercados emergentes não muda e, em patamares menores, os compradores voltarão, como sempre fazem quando a percepção de volatilidade diminui.”
O custo da proteção contra calote por países em desenvolvimento durante cinco anos deu em agosto o maior salto desde pelo menos 2007, segundo o Markit CDX Emerging Markets Index.
Por outras métricas, relatadas a seguir, este agosto é o mais sofrido desde 2015, quando a desvalorização da moeda chinesa abalou os mercados:
- O índice MSCI de moedas de mercados emergentes caiu 1,8 por cento
- O índice MSCI de ações de países em desenvolvimento recuou 1,8
por cento - O índice JPMorgan Chase de oscilações esperadas nas moedas de países em desenvolvimento subiu 22 por cento
- O índice Citigroup de aversão a risco nos mercados emergentes disparou 161
por cento neste mês.
“Ninguém quer bancar o herói em agosto”, disse Segal, da Manulife.
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