Artigo exibido antes no Sunday Times e reproduzido do relatório de Crescimento Sustentável e ESG da Raconteur.
Índices e insights de dados podem ajudar na orientação de um mercado em constante transformação, afirma Chris Hackel, diretor de índices sustentáveis da Bloomberg.
Quais são os principais desafios ESG para gestores de fundos?
Houve um grande aumento na regulação de fundos ESG, climáticos e sustentáveis. A introdução de relatórios e selos, como o Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR, na sigla em inglês), é necessária para garantir clareza e transparência. Entretanto, outras regulações ainda estão em desenvolvimento, o que faz com que gestores de fundos hesitem em colocar selos em seus fundos.
Recentemente, vimos uma onda de fundos que foram rebaixados do Artigo 9, a mais alta classificação de sustentabilidade da UE, para o Artigo 8. Segundo a Bloomberg Intelligence, no quarto trimestre de 2022, cerca de US$ 57 bilhões de ativos em mais de 70 fundos negociados em bolsa foram reclassificados. Os gestores de fundos continuam altamente motivados a lançar fundos sustentáveis e com selos ESG, mas prevemos menos fundos do Artigo 9 sendo criados no curto prazo.
Como os índices e insights de dados podem ajudar?
A equipe de Índices Sustentáveis da Bloomberg continua criando novos índices com objetivos específicos. No início deste ano, lançamos o Índice Bloomberg Global Aggregate GSS (Green, Social, and Sustainability) Bond, que inclui apenas títulos com rendimentos voltados a objetivos ambientais ou sociais. Muitos gestores de investimentos conseguiram manter a classificação do Artigo 9 em seus fundos de títulos verdes. Também estamos desenvolvendo índices com nossos vastos campos de taxonomia da UE, incluindo qual porcentagem das receitas de uma empresa contribui de forma substancial para as atividades alinhadas.
No cenário atual, é essencial que coloquemos à disposição dos gestores de fundos todos os campos, fatores e dados sustentáveis ou de ESG que eles necessitam para seus fundos e produtos com selos regulatórios e para índices com base nas suas próprias prioridades. A Bloomberg desenvolveu várias ferramentas no Terminal com metodologias transparentes, que os gestores de fundos podem usar para criar análises, incluindo a exposição de cobertura e portfólio em campos obrigatórios nos relatórios do SFDR, emissões de carbono setoriais e agregadas de portfólios ou fazer o benchmarking da decomposição de dívida do ESG em renda fixa.
Como os índices sustentáveis da Bloomberg evoluíram?
As estratégias de investimento sustentáveis e de ESG mudaram em um ritmo extremamente acelerado nos últimos anos. Antes disso, o investimento sustentável era razoavelmente simples, consistindo principalmente na exclusão de empresas baseada em valores ou integração de scores ESG. Atualmente, o investimento sustentável abrange também fundos alinhados com a estratégia de carbono zero, investimentos de impacto e temas que vão desde igualdade de gênero até energia limpa.
Como fornecedores de índices, ajudamos os gestores de fundos a avançar com os investimentos sustentáveis através de benchmarks que capturam e representam características de desempenho e risco — juntamente com características sustentáveis, incluindo scores ESG, impactos adversos principais e perfis de emissões. Nosso objetivo é oferecer soluções que possam atender a diversas abordagens de sustentabilidade, com foco na transparência da nossa metodologia e dados.
Como os gestores de fundos utilizam estes insights para executar negociações bem-sucedidas?
Há bilhões de dólares investidos em fundos e produtos que utilizam como referência os índices da Bloomberg de ESG, clima, impacto e temas sustentáveis. Os gestores de fundos trabalham conosco devido aos insights que fornecemos e pela confiança na qualidade e transparência das nossas soluções. Uma tremenda inovação em investimentos sustentáveis está ocorrendo, e a Bloomberg oferece aos gerentes os recursos e a flexibilidade para comparar e atingir metas específicas.
Nossos índices também agregam valor ao mercado ao medir e representar a dinâmica de segmentos específicos sendo impactados, conforme o mundo faz a transição para uma economia de baixo carbono. Aqui, utilizamos dados e expertise de equipes nas quais a comunidade financeira confia, como o Bloomberg Sustainable Finance Solutions, BloombergNEF e Bloomberg Intelligence, para informar a construção dos índices. Lançamos índices focados em energia limpa, energias renováveis, metais de transição e muito mais.
O que te deixa animado para o futuro?
O investimento sustentável ainda está em sua infância. Estamos entusiasmados para trabalhar em novos temas como a natureza e a biodiversidade e a expansão do investimento sustentável para diferentes classes de ativos. Iniciativas recentes incluem uma versão “Carbon Tilted” do nosso índice de commodities BCOM, bem como índices que utilizam como benchmarking commodities essenciais para a transição climática. Está em andamento o desenvolvimento de uma versão do índice Bloomberg US Municipal Bond que integra os scores ESG, complementando o nosso índice Municipal Impact. Também estamos pesquisando temas climáticos e sociais em títulos com garantias hipotecárias.
Estamos muito animados com o impacto potencial de investimentos sustentáveis nas sociedades, economias e no planeta.