Por Kenneth W. Hoffman, Zhou Zhang e Eily Ong.
Perspectiva global para metais de base em 2017
Os metais de base que registraram os maiores ganhos de preço em 2016 foram os mesmos que sofreram substanciais cortes de produção em 2015, especialmente o zinco. Em 2017, o zinco deve apresentar o maior aumento de oferta, enquanto o oposto ocorrerá com o cobre.
A desvalorização do yuan em relação ao dólar encarece os metais na China e afetará a demanda. Pela primeira vez, o avanço dos carros elétricos pode ter impacto significativo sobre os mercados de metais como o níquel.
Mineradoras reagiram à fraqueza dos preços de metais paralisando minas, como ocorreu com o zinco, e, em menor medida, com o cobre e o níquel. O setor também reduziu os investimentos em novas minas, o que pode desacelerar o crescimento da oferta.
Tecnologia de baterias pode definir o futuro do chumbo
O desempenho do chumbo ficou dentro da média dos metais de base, com alta de 20% em 2016, após a cotação cair 3,5% em 2015. Depois de um primeiro semestre marcado por volatilidade, os preços se fortaleceram na segunda metade do ano, com a expectativa de que o aperto no mercado impulsione os preços para cima.
A China consome e produz 40% do chumbo do mundo. No entanto, há problemas de longo prazo, como a queda da demanda chinesa por baterias de chumbo-ácido, à medida que as fabricantes de bicicletas elétricas passam a adotar baterias de lítio/níquel.
Minas de zinco fechadas podem deixar déficit persistente
O zinco foi o metal de base de melhor desempenho em 2016, com salto de 58% nos preços. A demanda é sustentada pela firmeza das vendas globais de automóveis e pela recuperação da construção civil na China.
No cenário básico do modelo da Bloomberg Intelligence, há um déficit de 1 milhão de toneladas até 2018, presumindo crescimento anual da demanda de 2% e continuidade dos projetos de mineração que foram anunciados. Outra hipótese do modelo é que as minas de zinco já fechadas não serão reabertas, embora os preços mais elevados possam voltar a dar destaque ao metal no mercado.
Minas de cobre adiam 565.000 toneladas em oferta nova
Atrasos em diversos projetos de cobre desde março adiaram a chegada de 565.000 toneladas em oferta nova ao mercado, segundo análise da Bloomberg Intelligence. Somente em 2017, chegarão 62.000 toneladas a menos do que se previa.
A demanda global por cobre pode continuar crescendo em ritmo moderado, ao passo que a China — responsável por 45% da demanda global em 2015 — migra de uma economia puxada pelo investimento público em infraestrutura para uma economia puxada pelo gasto dos consumidores locais.
Perspectiva global para metais preciosos em 2017
Os fatores positivos que sustentaram os preços dos metais preciosos em 2016 só ganharão mais força em 2017. O risco de inflação, que é positivo para os metais preciosos, continua aumentando com a expansão da oferta global de dinheiro.
A produção de metais preciosos pode continuar limitada, devido aos custos elevados e à baixa qualidade. Moedas atreladas a metais se valorizaram em 2016, elevando os custos operacionais. O sentimento antiglobalização pode prejudicar o dólar — que é a moeda global — e isso ajuda o ouro.
Crescimento econômico forte nos EUA e aumento dos juros por lá podem sustentar o dólar, prejudicando o complexo de metais preciosos.
Vitória de Trump provoca reviravolta súbita nos mercados de metais
A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA causou reviravolta nos mercados globais de metais e pode ter impacto de longo prazo. Um recuo dos EUA das relações internacionais pode prejudicar o dólar e impulsionar os preços do ouro e outros metais preciosos.
Trump também falou em rasgar tratados comerciais, o que é negativo para os metais, e em investir em enormes projetos de infraestrutura, o que impulsionaria a demanda por cobre, zinco e aço.
Até haver clareza sobre as políticas de Trump, os mercados serão dominados pelo achismo.
Demanda pela classe de platina pode diminuir
Segundo dados da Johnson Matthey, a demanda global líquida por platina, paládio e ródio provavelmente subiu em 2016 com o maior uso de autocatálise, devido a leis mais rígidas para emissões de poluentes. A não ser no caso do paládio, a previsão é de queda da oferta, devido à diminuição da produção na África do Sul.
A Europa está ultrapassando a China como maior consumidora mundial de platina, mas pode haver superávit do metal em 2017 por causa do menor uso por montadoras de veículos na Europa, do aumento da reciclagem e do enfraquecimento das compras de joias pelos chineses.
Indústria e energia solar puxam procura por prata
Assim como em outros mercados financeiros, o ritmo de investimentos em prata será determinado pela próxima decisão do banco central americano (Federal Reserve). Contudo, aplicações industriais deram a maior contribuição à demanda em 2015, em 53%, e é provável que essa predominância continue, segundo cálculos da BI a partir de dados da Metals Focus. O preço da prata terá papel fundamental sobre a demanda futura, à medida que as aplicações industriais continuam se expandindo, particularmente no caso da energia solar.
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