Por Gregory Elders e Shaheen Contractor.
Resultados eleitorais nos EUA e Reino Unido e as eleições que serão realizadas em diversos países europeus em 2017 podem direcionar o foco para assuntos internos e reduzir a atenção dada a objetivos agressivos de combate à mudança climática e a outros esforços ambientais, sociais e de governança.
Talvez a mão pesada das autoridades reguladoras fique mais branda, mas não desaparecerá, como não desaparecerão as demandas e os custos que impactam as empresas. O foco dos investidores nessas questões ficará mais intenso, sendo considerado por mais da metade dos europeus e 20% no caso dos EUA. No Japão, esses esforços também vêm aumentando.
Exigências menores para emissões de poluentes, mas tendência permanece
A vitória de Donald Trump à presidência dos EUA tirou fôlego do movimento de redução das emissões de carbono. No entanto, esforços em nível estadual nos EUA e em outros países e tendências tecnológicas que afetam os custos significam que esses esforços continuarão, embora enfrentem mais obstáculos.
O plano da China de implantar um esquema nacional de negociação de ativos referentes a emissões e novos impostos em outros países manterão a pressão pela redução das emissões de carbono. Os veículos elétricos chegaram a 1% das vendas globais de automóveis em 2016, o que aponta para uma pressão de longo prazo sobre a demanda por petróleo.
Títulos verdes podem puxar crescimento hesitante do mercado de financiamento limpo
Se os investimentos em energia renovável ficarem estagnados, o crescimento das emissões de títulos verdes precisará impulsionar os financiamentos relativos ao combate à mudança climática. O investimento em energia limpa até 2020 pode estacionar abaixo do recorde de US$ 349 bilhões atingido em 2015, após a queda de 15-20% estimada para 2016, segundo a Bloomberg New Energy Finance.
Contrastando com esse quadro, o mercado mais amplo de títulos verdes, que financia projetos de energia, transporte e edifícios limpos, pode ampliar o volume recorde de emissões, embalado pela continuidade dos esforços da China.
Críticas aos salários menores das mulheres motivam faxina nas empresas
Em 2017, as empresas precisarão identificar e tratar problemas relativos aos salários desiguais entre os gêneros, se preparando para as exigências que entrarão em vigor no Reino Unido em 2018 e para potenciais propostas de investidores nos EUA.
Lentamente, as mulheres estão progredindo no alto escalão das empresas, tendo, na mediana, 20% dos assentos nas diretorias das componentes do índice S&P Global 1200. As empresas que prestam contas e atingem igualdade de gêneros poderiam fazer mais para atrair e reter uma diversidade de talentos e não só focar no alto escalão.
Empresas temem a ira dos investidores em questões de governança
O poder de voto dos acionistas é raramente usado, mas os investidores podem ficar mais inclinados a exercer influência se perceberem situações revoltantes. As empresas dos EUA estão mais permissivas com a nomeação de diretores e o governo japonês está forçando os investidores a serem mais exigentes com o desempenho das companhias.
Muitos investidores podem não gostar de alarde, mas empresas que chamam a atenção por práticas ruins de governança podem incitar a ira dos acionistas.