Pesquisa revela países com maior nível de intolerância

Por Michael Winfrey e Samuel Dodge.

No momento em que as manchetes da imprensa ressaltam a disparada da intolerância global, surge uma boa notícia: a maioria das pessoas em todo o planeta diz não acreditar que uma etnia, religião ou cultura é melhor que as demais.

Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada em diversos países pela WIN/Gallup International no fim do ano passado e publicada nesta semana. A maioria das pessoas e mais da metade dos 66 países pesquisados afirmam que não existe uma etnia, religião ou cultura superior. Mas a questão divide muitos países e alguns deles, todos problemáticos e com economias em desenvolvimento, afirmam que a superioridade existe, sim.

“De forma geral, a tolerância global em relação às diferenças étnicas, religiosas e culturais é a norma dominante”, disse Kancho Stoychev, presidente da Gallup International Association, em comunicado. “As exceções a essa norma ocorrem em países, nações ou regiões com sérios conflitos internos ou externos.”

As conclusões oferecem alguns motivos para o otimismo mesmo em meio ao aumento das notícias sobre ataques ligados à intolerância. Desde a semana passada, um homem gritando slogans anti-Islã matou duas pessoas em Portland, Oregon, nos EUA, um homem-bomba matou 22 pessoas em um show em Manchester, na Inglaterra, e homens armados mataram a tiros 26 cristãos coptas na província de Minya, no Egito. A pesquisa também coincide com um relatório divulgado nesta semana pelo Instituto para Economia e Paz que afirma que, apesar dos conflitos no Oriente Médio, do terrorismo na Europa e da ascensão dos partidos nacionalistas, o mundo na verdade está se tornando mais pacífico. Ao mesmo tempo, o relatório apontou que os EUA registraram a maior queda nos rankings entre os países pacíficos.

Segundo a pesquisa da Gallup International, as maiorias nacionais que concordam ou concordam fortemente com a existência da superioridade apresentaram também a maior propensão a aplicar a mesma crença às categorias religião, etnia e cultura. Os oito países em que o fenômeno se mostrou mais claro são Paraguai, Bangladesh, territórios palestinos, Gana, Líbano, Nigéria, Indonésia e Macedônia.

Entre os países onde as pessoas mais discordaram da ideia de que existe uma superioridade nessas três categorias estão Suécia, França, Islândia, Letônia, Espanha, Argentina, Canadá e Portugal. Nos EUA, 23 por cento das pessoas concordam ou concordam fortemente que algumas etnias são superiores às demais, contra 73 por cento que discordam ou discordam fortemente. Quase um terço afirmou que algumas religiões são melhores que as demais e 36 por cento disseram que algumas culturas são superiores.

A pesquisa foi realizada de outubro a dezembro de 2016 com 66.541 pessoas, cerca de 1.000 pessoas em cada país. Ela foi feita por telefone, pessoalmente ou pela internet e apresenta margem de erro de 3 a 5 pontos percentuais.

Os principais motivos para a propagação de sentimentos de superioridade provavelmente são conflitos internos agudos, elevada instabilidade externa e expectativa de intervenção externa, além de profundas transformações dentro das sociedades, afirmou a Gallup International.

“É evidente que todos os países que se sentem estáveis e não ameaçados mostram baixos níveis de superioridade religiosa, cultural ou étnica. E vice-versa”, afirma a empresa.

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