As pessoas mais ricas do mundo estão envelhecendo — e planejando o futuro

Por Tom Metcalf.

Lorenzo Servitje Sendra era a pessoa mais velha no Índice Bloomberg de Bilionários quando morreu, em fevereiro, com uma fortuna de US$ 4,2 bilhões.

Pensando no futuro, o mexicano já havia transferido sua participação no Grupo Bimbo, maior fabricante mundial de pães, para seus herdeiros. Desta forma, eles se livraram de uma preocupação dos ricos que soma US$ 2,1 trilhões, ou praticamente o PIB da Índia. É este o patrimônio líquido total dos 218 bilionários com idade superior a 70 anos no índice da Bloomberg, que classifica diariamente as 500 pessoas mais ricas do mundo.

“A maior transferência já vista de uma geração para outra está prestes a acontecer”, afirmaram PWC e UBS em um relatório de 2016 sobre os bilionários. “Sem planejamento cuidadoso, muitas das fortunas de hoje sofrerão erosão substancial.”

O problema é maior nos EUA e Europa, onde aproximadamente um quarto dos bilionários do índice tem 80 anos ou mais, comparado a 20 por cento na Ásia.

Na China, somente o fabricante de químicos Xu Chuanhua chegou a essa idade. Lá, apenas 3 por cento da riqueza é controlada pelos idosos, sendo que 40 por cento está nas mãos de bilionários com menos de 50 anos.

Os russos têm uma versão particular do problema. As fortunas privadas são controladas principalmente por uma geração de empresários que lucrou com o caos da economia após o fim da União Soviética. Para eles, passar o império para frente não é uma opção, já que o valor do negócio é fortemente atrelado a conexões pessoais no Kremlin.

Nos EUA, a fortuna de US$ 3,8 bilhões de Sumner Redstone foi alvo de uma amarga disputa pública quando a saúde frágil do magnata de 93 anos motivou uma batalha jurídica entre sua filha Shari Redstone e o ex-presidente da Viacom, Philippe Dauman, atrapalhando os esforços do grupo de mídia para fechar acordos de streaming de programas pela internet.

Estruturas tributárias amigáveis

O sueco Ingvar Kamprad e o alemão Dieter Schwarz afastaram esse risco por meio de estruturas de controle de ativos complexas e favoráveis do ponto de vista tributário para quando morrerem.

Em janeiro, o italiano Leonardo Del Vecchio, 81 anos, vendeu a Luxottica Group, o negócio de óculos que representa a maior parte de sua fortuna de US$ 18 bilhões, para a Essilor International. A venda foi uma saída para impedir um cabo-de-guerra entre os filhos dele pelo controle da Luxottica.

Há outra abordagem, escolhida por Warren Buffett. Aos 86 anos, o presidente da Berkshire Hathaway é a segunda pessoa mais rica do mundo. Ele prometeu doar quase toda a sua fortuna de US$ 79 bilhões para caridade. A decisão foi seguida por 156 das pessoas mais ricas do mundo, incluindo o cabeça do ranking, Bill Gates.

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