Petrobras, Ambev, juros: 7 apostas após impeachment

Por Paula Sambo, Filipe Pacheco e Chiara Vasarri, com a colaboração de Denyse Godoy e Francisco Marcelino.

A presidente Dilma Rousseff parece estar perto de sofrer um impeachment. Mas não existe muita certeza quanto ao que vem pela frente nos mercados brasileiros. Confira quais serão os ativos de melhor e pior desempenho nas próximas semanas e meses, segundo analistas e gestores de recursos:

Real

Um dos consensos entre os experientes observadores do Brasil é que a valorização do real continuará. Mike Moran, do Standard Chartered, diz que a moeda, que já subiu 12 por cento neste ano, ampliará seus ganhos em meio às mudanças de políticas que ele espera para depois do impeachment. Leonardo Monoli, sócio da Jive Asset Gestão de Recursos em São Paulo, diz que o real poderia chegar a R$ 3 por dólar — um avanço de 18 por cento em relação a sexta-feira. Um fator que poderia limitar qualquer alta é a venda de contratos de swap reverso pelo banco central — na semana passada o BC leiloou US$ 24,7 bilhões para conter a valorização do real.

Inversão para exportadoras

A desvalorização de 33 por cento do real no ano passado foi vantajosa para as empresas exportadoras, como a Fibria, a Suzano e a Klabin. Com a valorização da moeda, parte das vantagens oferecidas pela depreciação será perdida, segundo Joe Bormann, diretor-gerente de finanças corporativas da América Latina na Fitch Ratings.

Swaps de crédito

O custo para garantir títulos de dívida brasileiros contra a inadimplência usando swaps de crédito de cinco anos subiu para 533 pontos-base no ano passado devido ao temor de o Brasil não ser capaz de controlar o aumento do déficit orçamentário, sinalizando que o país oferecia maior risco que seus pares de classificação mais baixa aos olhos dos traders de swaps. Ilya Feygin, estrategista sênior da WallachBeth Capital em Nova York, disse que se houver um recuo na alta dos títulos brasileiros os swaps de crédito provavelmente se sairão melhor que outras classes de ativo porque o preço já está muito alto pela base histórica.
 

1

 
Juros

Compre contratos de swap com vencimento em janeiro de 2017 porque os traders superestimaram os cortes nas taxas de juros para este ano, segundo analistas do Bank of America Merrill Lynch, incluindo Ezequiel Aguirre e Hervé Belmas. Os contratos de longo prazo, com vencimento até janeiro de 2025, também estão atraentes depois que a alta provocada pelo impeachment deixou os juros muito baixos, disseram eles. “Quem assumir enfrentará a difícil tarefa de implementar reformas fiscais fundamentais”, escreveram eles em um relatório em 14 de abril. Siobhan Morden, chefe de estratégia de renda fixa para a América Latina da Nomura Holdings, disse que os yields sobre os títulos denominados em dólares de 10 anos do Brasil poderiam cair mais 50 pontos-base.
 

2

 
Empresas e bancos estatais

Os investidores agressivos que puderem suportar o risco deveriam assumir uma postura de longo prazo em relação aos títulos da Petrobras e do Banco do Brasil, segundo analistas do Citigroup, incluindo Eric Ollom e Ayoti Mittra, que recomendam as notas da petroleira com vencimento em 2044 e os chamados títulos CoCo de 9 por cento do banco, que não têm data de vencimento. Outros bancos e empresas estatais também são boas opções, disseram os analistas. “Os acontecimentos no Brasil favorecem as empresas mistas e os bancos em detrimento das exportadoras”, escreveram eles. “A Petrobras pode ter a maior tendência de alta com uma mudança de governo”.
 

3

 
Ibovespa a 65.000

O Ibovespa subiu 23 por cento neste ano, colocando o índice próximo da meta de preço de um ano para suas ações individuais pela primeira vez em uma década. Contudo, o Morgan Stanley diz que o índice acionário do Brasil poderia subir mais 22 por cento, para 65.000 pontos, se o novo governo reforçar o orçamento e aprovar reformas econômicas. Entre as ações que, segundo os analistas, mais poderiam se beneficiar estão as da operadora de shoppings BR Malls, dos bancos Bradesco e Itaú Unibanco, das redes de varejo B2W e ViaVarejo e das concessionárias de estradas CCR e Ecorodovias.
 

4

 
Compre Ambev

O Morgan Stanley também inclui a Ambev entre suas melhores ações para compra se as coisas correrem bem. O UBS indica a compra das ações da empresa, independentemente do que acontecer. “A Ambev é um farol em meio à tempestade escura”, escreveram analistas do UBS, incluindo Lauren Torres e Guilherme Haguiara, em um relatório na semana passada, acrescentando que as ações são “uma oportunidade de compra atraente, mesmo considerando a incerteza do mercado no Brasil”.

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