Petrobras quer cortar mais gastos para vencer crise, diz Bendine

Por Sabrina Valle e Juan Pablo Spinetto.

A Petrobras está se preparando para aprofundar os cortes de gastos e focar em seus melhores campos com o objetivo de economizar dinheiro para o pagamento de dívidas, disse o presidente da empresa, Aldemir Bendine.

A estatal está trabalhando para lançar seu novo plano de investimento de cinco anos já em janeiro, priorizando os projetos mais lucrativos do pré-sal nas águas profundas do Atlântico e procurando parceiros para diminuir os investimentos nos menos produtivos, disse Bendine em entrevista na sede da companhia, no Rio.

A Petrobras começará 2016 com pelo menos US$ 20 bilhões em caixa, o suficiente para cobrir os custos do serviço da dívida no ano, e planeja tomar mais US$ 20 bilhões em empréstimos de credores bilaterais e dos mercados de capitais em um esforço para estender o prazo de seus US$ 128 bilhões em dívidas, disse ele.

“Já temos capacidade para pagar todos os nossos compromissos em 2016”, disse Bendine. Redução do principal da dívida só virá com desinvestimentos, “não tem outra forma”.

A Petrobras, impactada pela Lava Jato e pela piora no sentimento do mercado, que levaram a um corte no plano de investimento mais ambicioso do setor, sofreu um rebaixamento na classificação de sua dívida neste ano e viu seu valor de mercado encolher para cerca de um décimo do registrado em seu auge, sete anos atrás.

Menos ambicioso

No início deste ano, a Petrobras disse que estava reduzindo o plano atual de cinco anos, de cerca de US$ 130 bilhões, para cerca de US$ 119 bilhões. Bendine disse que o valor do próximo plano provavelmente será mais baixo que este.

As importações de combustível atingiram seu menor nível, devido ao enfraquecimento da demanda no Brasil, e a empresa não vê necessidade de aumentar o preço cobrado nas refinarias no curto prazo, porque atualmente eles ainda oferecem um “bom prêmio” em relação aos preços internacionais, disse Bendine.

Sob a gestão anterior, a Petrobras perdeu dezenas de bilhões de dólares durante o boom do petróleo porque vendeu itens importados com prejuízo como parte de uma estratégia mais ampla do governo para conter a inflação. A empresa agora tem plena independência para estabelecer os preços segundo as dinâmicas do mercado, disse Bendine.

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