Por Christopher Sell.
Queda da produção de petróleo da Venezuela, interrupção das exportações de petróleo do Irã devido a sanções, pressão da Arábia Saudita por preços ainda mais altos, negociações de paz com a Coreia do Norte: as próximas semanas trazem uma série de riscos para o mercado de petróleo.
O bônus geopolítico já ajudou a elevar os preços do petróleo ao maior patamar em três anos. Várias datas próximas poderão gerar um impacto significativo na oferta e na demanda globais por petróleo, ou pelo menos elevar o risco de um tweet presidencial capaz de agitar o mercado.
Sanções ao Irã
Dentro de cinco dias, o presidente dos EUA, Donald Trump, precisará decidir se vai se retirar do acordo nuclear com o Irã e restabelecer as restrições às remessas do terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Trata-se de uma decisão que poderia remover uma grande fatia da oferta do mercado — cerca de 1 milhão de barris por dia, segundo o regime de sanções anterior — e aumentar ainda mais as tensões regionais.
“Em nossa opinião, a decisão do presidente Trump sobre a desistência provavelmente apresentará os maiores riscos de alta e de baixa para os preços do petróleo nos próximos 11 dias”, escreveram analistas do Standard Chartered em relatório, em 2 de maio.
Eleição venezuelana
O colapso econômico já afetou fortemente a produção de petróleo desse membro sul-americano da Opep. A situação pode piorar ainda mais se os EUA encontrarem motivos para questionar a legitimidade da eleição presidencial de 20 de maio e para impor sanções ao petróleo.
“Se você me perguntar qual é o maior risco de distúrbio geopolítico para a oferta de petróleo entre hoje e dezembro, eu diria Venezuela”, disse Bob McNally, presidente da Rapidan Energy Group.
Cúpula com Coreia do Norte
A repentina trégua entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, não afeta diretamente o mercado de petróleo, mas há muito em jogo em uma região que ainda é a maior fonte de crescimento da demanda.
Há pouco risco avaliado no preço atualmente, e a cúpula entre os dois líderes planejada para o começo de junho só movimentará o mercado se for um enorme fracasso, disse McNally. Se Trump sair da reunião afirmando que Kim foi insensato e que será preciso “fazer isso da maneira mais difícil”, a situação geraria pessimismo para o petróleo, disse. A região nordeste da Ásia gera 20 por cento do PIB mundial e responde por uma parcela significativa do crescimento da demanda por petróleo.
Pressão saudita
Os cortes de produção da Opep e da Rússia praticamente atingiram o objetivo principal de eliminar os estoques excedentes de petróleo. No entanto, o membro mais importante do grupo, a Arábia Saudita, afirma que o trabalho não terminou e defende uma pressão para restringir ainda mais o mercado e elevar os preços.
As semanas que antecedem a reunião da Opep de 22 de junho podem trazer mais retórica otimista do ministro de Energia e Indústria saudita, Khalid Al-Falih. O reino precisa ganhar US$ 88 por barril para equilibrar o orçamento nacional neste ano, segundo o Fundo Monetário Internacional, um aumento de 26 por cento em relação a outubro. Os preços mais altos também facilitariam o caminho para os ambiciosos planos do príncipe herdeiro Mohammad bin Salman para modernizar e diversificar a economia do reino.
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