Por Grant Smith, Javier Blas e Wael Mahdi.
Traders e analistas do petróleo esperam quase unanimemente que a Opep e a Rússia prolonguem os cortes à produção na próxima semana. No entanto, nos bastidores, a Arábia Saudita e a Rússia ainda estão debatendo sobre o caminho a seguir.
Essas expectativas altas, além do recente aumento das apostas otimistas no petróleo bruto, ampliam o risco para os preços se o grupo não conseguir convencer a hesitante Rússia de que é necessário concordar imediatamente com uma extensão.
“Qualquer coisa que não seja uma extensão apoiada pela Rússia teria um impacto significativo no preço”, disse Ole Hansen, diretor de estratégia de commodities do Saxo Bank. “Especialmente devido à aposta quase recorde no petróleo, que deixou pouca margem de erro para a comunicação dos ministros da Opep.”
O petróleo subiu ao patamar mais alto em dois anos em Nova York na quarta-feira, devido à expectativa de que a redução das remessas de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e de seus aliados diminuirá ainda mais a abundância que vem derrubando os preços há três anos. Os cortes foram bem-sucedidos, mas o trabalho ainda não acabou. Para evitar que o superávit do estoque cresça novamente, segundo projeções da Agência Internacional de Energia, a Opep precisaria manter os cortes além do prazo estipulado, que termina em março.
Isso é o que quase todos esperam que aconteça. Todos os 36 analistas e traders consultados pela Bloomberg projetavam uma extensão, e outros nove meses de cortes foi a previsão mais popular.
Este também é o desejo do maior e mais poderoso membro da Opep. Na semana passada, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, disse à Bloomberg Television que o grupo deveria anunciar uma extensão das restrições em Viena porque os estoques excedentes não terão sido eliminados em março.
Reservas russas
No entanto, o principal participante de fora da Opep no acordo tem reservas. A Rússia acredita que é cedo demais para anunciar algo neste mês, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto na semana passada. Outra questão foi a duração da extensão, e opções como três meses adicionais de cortes estão sendo consideradas, disseram.
O Kuwait, o quinto maior produtor da Opep e membro do comitê que supervisiona o acordo, também acredita que a decisão de estender deve ser tomada mais perto do fim do prazo, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. Ministros dos dois países estabeleceram essa posição publicamente na última reunião em Viena, em setembro.
A Arábia Saudita realizou consultas “extensas” à Rússia e tem “plena certeza” de que esse país estará “totalmente de acordo”, disse Al-Falih na semana passada. Os analistas mais experientes da Opep tendem a concordar que o membro mais poderoso do grupo prevalecerá.
“Apesar dos sinais de que os russos possam estar em dúvida, acho que eles vão acabar concordando com uma extensão”, mas não será fácil, disse Mike Wittner, diretor de pesquisa do mercado de petróleo do Société Générale em Nova York. Talvez os sauditas não consigam os nove meses adicionais de cortes que estão querendo e, “se eles não fizerem nada, será uma grande decepção para o mercado”.
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